Saltar para: Posts [1], Pesquisa e Arquivos [2]
As aventuras (e desventuras) de uma lusitana em terras do Oriente
Hoje caí da cama com a chamada do big boss. E ainda faço a pergunta parva "mas... já está em Portugal?" quando ele, não perdoando, me responde "pois, senão estivesse não te estaria a ligar do número português". Perdi uma bela oportunidade para estar calada.
Enfim, este é o típico chefão que ou me deixa muito stressada, rígida, apavorada e todos os outros estados paralisantes e enervantes imagináveis, como, noutro momento qualquer, me faz querer (só querer mesmo) rir descontroladamente por coisas que ele diz ou faz, e ele odeia que alguém se ria dele. Ai de mimzinha, era coisa para me matar, e também já fui pega a rir de um cliente, (ele também se estava a rir, damn) e não foi bonito mas avante.
O problema é que eu sou uma pessoa de riso fácil, e há alturas que não consigo controlar, hoje aconteceu outra vez, numa situação estúpida, da qual se tivesse tento não me estaria a rir mas bom, moving on, ri-me, disparate feito, ao que vem logo a pergunta dele "why are you laughing?", tenho para mim que ainda devo ter sussurrado "nothing, sorry" vem resposta surpresa, jurava que ia ser admoestada mas não, diz ele " Do you ever get angry? why I never saw you angry?". Bom não tive ocasião para responder, mas agora pensando, é suposto eu me chatear??? É que se for, razões não me faltam...nem faltarão.
Agora a sério, a vida é tantas vezes tão chatinha, tão seca, tão "depre", para que raio vai uma pessoa estar a gastar energias a chatear-se com coisa pouca. Toda a gente sabe que a raiva, a ira, os nervos fazem mal à saúde.
Qualquer dia digo-lhe isso, "you shouldn't get angry, its bad for your heart".
Especialmente comigo ahahaha
*nada a ver com o jogo, que é coisa para me deixar danada da vida tal é a minha miserável pontaria :@
Porque nesta cidade acontece um pouco de tudo desde telemóveis perdidos e outros surripiados das mãos dos donos, a taxistas que se negam a levar-te seja onde for, e taxistas chateados que chamam a polícia, polícias que gozam com as figuras patetas dos estrangeiros embriagados e "aconselham" jocosamente ao dito a não beber "baijiu" (a pior bebida alcóolica do mundo), gente que fica a passear-se um dia inteiro sozinho dentro de um zoo, porque não consegue encontrar o grupo no gigantesco Aquarium, maratona no zoo seguida de um jantar dispendioso (~600 RMB) mas tremendamente surreal com o mais louco serviço a casa que eu já vi, o empregado vem a casa, traz tudo e monta o hotpot, e depois passa-se 4 horas de volta da mesa, e há mesmo quem consiga comer essas 4 horas sem parar. not me!
E a esta hora já se estão a perguntar com que tipo de gente me dou. Ainda bem que os meus fins-de-semana são agitados e loucos para compensar o tédio da semana.
Ultimamente tenho déjàs vues com tudo e com nada, com sítios, com pessoas, no outro dia conheci uma chinesa que me fez tanto lembrar uma amiga maluquinha mas que adoro que fiquei mesmo a pensar se não seria a sua sósia chinesa, mesmo na personalidade e tudo. Adorável, mas um pouco scary, que imaginar-me a ter uma sósia chinesa dá-me verdadeiros arrepios. Bom em 1.3 bilhões de chineses é possível, espero contudo não a conhecer.
E depois tenho déjà vues com sítios e episódios que nunca vivi e que me parecem tão familiares. E com filmes, e séries. Tanto que tive de ir confirmar se a série que ando a seguir já não a tinha visto, tanto que me parecia já ter visto mas afinal não.
Pode ser um indicio de loucura, posso estar a ficar louca, aliás ao fim de dois anos e meio neste país não era coisa que me admirasse muito. Agora todos os dias de manhã juro que vejo estampada na expressão dos chineses esta pergunta, "o que ela está a fazer aqui?", do género a dizerem para si próprios que raio veio esta gaja fazer para a China quando já há aqui tanta gente e mais aguentar esse facto, a sobrepopulação, a sobrepoluição, a sobre asfixia chinesa. Juro que penso nisto todos os dias de manhã no metro, mesmo sem sequer.
Anda uma grande nuvem a pairar sobre a minha cabeça, se calhar trabalhar num universo tão chinês não seja bom para a minha sanidade mental. Mas bom vou espiando os males com séries que não me deixam esquecer que o ser humano é tudo menos equilibrado, mesmo que seja só uma série, para mim perante a minha realidade dos últimos dois anos só consigo pensar que aquilo é a realidade ainda que não a seja, não tamos todos perdidos, talvez seja só eu a pensar e sentir que sim. É a podridão, o buraco negro por onde resvala as nossas vidas, com picos muito esporádicos de verdadeiro êxtase ébrio. Na série, claro, que a minha vida é muito menos interessante ou podre.
Já vai longo...aliás a semana vai para lá de longa.
Mas hoje tendo começado o dia a assistir a uma cena de pancaria (lastimável bestialidade humana) devido a uma cena de empurrões na entrada para uma das carruagens no metro, que acabou ao murro e pontapés e sabe-se lá mais o quê. Ainda bem que não vi mais, bem me chegou o que vi. Provavelmente o que mais me impressiona é isso mesmo, violência, odeio assistir a este tipo de cenas.
Depois ter de aturar o boss, o mais empertigado dos dois, o big boss vá, que é tão chique e etc e depois à hora de almoço na cantina, convidou-me para almoçar com ele na cantina, que luxo (lol), e já não bastava isso, ainda me pergunta, antes mesmo de ter dito que está a tentar ser vegetariano, se o meu prato, que tinha carne era bom, eu respondi que sim, e lá vem ele, pauzinhos na direcção do meu tabuleiro "roubar" sem sequer pedir comida da minha taça, lá se foi o vegetarianismo. Eu nem sabia se haveria de rir. Ah comer com este senhor é sempre uma aventura.
Este dia promete...
Esta semana vai dar que falar, começa tudo nos sinais, primeiro deixo cair um frasco de café cheio ao chão, splash, vidro e café por todo o lado, é no que de ignorar frascos de vidro na beira da mesa. Lá limpei um pouco incrédula e um pouco furiosa comigo própria, nada de mais.
Ainda não satisfeita com a bagunça já limpa, vai que me ponho a lavar a loiça e lá está creio certamente no estúpido equilíbrio dos ovos que acabo de colocar na bancada e dos 2, um quis fazer um salto para a morte e já só o vejo em estilo omelete no novamente chão da cozinha que hoje devia estar cheio de vontade de ter um belo de um pequeno-almoço. E lá vou eu uma vez mais limpar satisfeita da vida.
Isto é para não me gabar de que estas coisas nunca me acontecem, e depois lembrei-me logo que realmente não aconteceram antes a não ser com aquelas 8 de 22 garrafas de cerveja que não esperaram até chegar a casa e se lançaram ao chão mesmo à porta de casa num misto de vidros e cerveja, isto há uns anitos em Aveiro, e aquela garrafa de vinho espanhol (ou italiano) que não contava com um saco de papelão de fundo roto e foi dar de caras com o chão da minha cozinha em Shanghai. Aquele ninguém o bebeu, foi para aromatizar toda uma casa.
E juro que nem hoje, nem naqueles dias tinha bebido alguma coisa, nem o álcool me conta como álibi, aselhice portanto.
Estou cá a pensar como não lancei hoje o pânico no supermercado e, por sorte, não me fartei de quebrar coisas, não calhou!
...e não partas mais nada!
Tenho cá para mim que nunca faço a porra do tpc de leitura porque:
Parecem-me argumentos mais que válidos para, lá está, não perder o meu tempo com aquela obrigação (not)!
Nem sempre foi uma aluna rebelde, deu-me para isto aos quase 25 anos. Mas também com 25 anos acho que não tenho é idade para ser daquelas alunas aplicadinhas e seca, tal como não sei se ser aluna de ensino primário não está para mim como uma mini-saia está para uma senhora de 60 anos. Desadequado.
*Que quer dizer tpc (trabalho-de-casa) tipo aqueles que os putos da primária fazem.
Pois é o meu eye candy diário anda desaparecido, viu-o última vez semana passada e, de repente, como por magia evaporou-se no ar. Foi sabe-se lá para onde e ainda teve o desplante de nem se despedir de mim. E ainda para mais logo na altura que eu já tinha ganho coragem para me dirigir a ele, tal qual cena parva de um filme Hollywoodesco, e declarar o meu estupidificado estado de enamoramento juvenil, e ele, claro, ia dizer que sentia o mesmo e depois levava-me lá não sei para onde, uma das Arábias e éramos felizes por toda a eternidade. (GARGALHADA sonora)
Cá para mim foi a maneira que o universo arranjou para me salvar de levar uma tampa descomunal, poupar-me à vergonha colectiva e impedir-me de ser alvo de chacota pública. Obrigada universo, foste muito porreiro para mim. Mas sinceramente, universo, é estúpido eu sei mas ainda nutro a esperança que mo tragas de volta, ainda que não pense declarar-me coisa nenhuma, que ainda me diz que está prometido a alguma moçoila no reino da Pérsia, que é gay, ou pior ainda, virgem. Cruzes credo canhoto.
Mas bom, platónica ou não esta minha paixoneta, a verdade é que este sítio era bem mais giro com ele a pavonear-se por aqui e acolá. E a seguir-me, e a provocar-me e... mais não conto.
Príncipe da Pérsia volta rápido, cê tá perdoado, se fores mais novo que eu, não faz mal, eu dou-te o desconto por seres o príncipe da Pérsia.
{nota de rotapé: este post não é de maneira alguma para ser levado demasiado a sério, nem demasiado a brincar, aliás a vida, a minha e a vossa também não, não se levem demasiado a sério é só o que vos peço, tomem-no como um conselho de amiga}
Raramente me maquilho, não tenho nem tempo nem paciência. Hoje deu-me para a coisa tal que está a minha cara que mais parece palco de pós guerra civil (olá puberdade bem-vinda novamente) mas parece que vou repetir isto mais vezes já que em vez de pózinhos de makeup parece antes ter posto pózinhos de magia e andei para aí a enfeitiçar as senhoras deste cidade. Primeiro no autocarro, uma senhora ia a sair do seu assento e quase simultaneamente um rapaz ia sentar-se no seu lugar ao que a senhora impediu, olhou para mim e disse "senta-te" e deu-me passagem a mim, o moço perdeu o lugar sem piar. Depois a senhora costureira, a sempre mal-disposta, mal me viu só fez foi sorrir e cúmulo meteu conversa comigo, quis saber a minha nacionalidade e disse "oh és a minha primeira cliente portuguesa" (o que neguei) e lá continuou a dizer coisas simpáticas e eu ok, que raio! Depois foi na fruta, lá fui eu comprar fruta, no outro dia descobri alperces que adoro, a fruta da minha meninice, e a senhora ao ver que eu não tinha uma moeda que faltava perdoou-me a falta e disse para voltar outro dia com alto sorriso nos lábios. Coisa que os chineses não tem muito hábito de fazer é alterar o preço, para baixo claro.
Pode parecer parvoíce mas poderá ter algo a ver com o facto de me ter maquiado hoje! Juro que acredito nisto, que isto de serem todas simpáticas não é frequente. Digamos que as pessoas desta terra não tem a simpatia no sangue e hoje apanhei 3 simpáticas, coisa estranha, muito mesmo. Mas pronto se a makeup me conceder privilégios como estes acho que é para continuar.
Faz sentido se tivermos em conta que um estudo qualquer comprovou que as mulheres que se maquiam diariamente ganham mais do que as não o fazem, isto no local de trabalho. Pudera a aparência conta mesmo muito, é o cartão de visita da pessoa.
Só não fez efeito no sexo masculino chinês, melhor melhor, ufa.
Ultimamente tenho sido vítima de ataques de dois tipos: fome e sono. Quando não tenho fome, tenho sono, ou vice-versa. Não tem piada, anda uma pessoa a ir regularmente ao ginásio para depois chegar a casa mesmo depois de jantar e porque se cede ao ataque de gula devorar tudo o que é doce, inclusive fruta. Não tem mesmo piada nenhuma. Prefiro ataques de sono, que quanto a isso, bebe-se um café ou foge-se da aula e vem-se dormir, ou espera-se pela hora sagrada da sestinha da tarde. Agora com a fome não se brinca. A gula é um pecado mesmo feio pá. Assim não há meios de ir mandar fazer o Qipao (vestido tradicional chinês) para o casamento da amiga. Como é que entro no qipao, toda a gente sabe que aquilo é justinho e tal e só fica bem se uma pessoa estiver minimamente nos trinques. Porra, mais ginásio amanhã, 2 horas no mínimo senão não há qipao para ninguém.
Só por acaso queria, esquecendo a altura e corpo lindo dela, caber assim como ela neste modelito:
[ia para postar uma foto linda da Anne Hathaway vestida de Qipao mas não encontrei uma à altura, por isso, olha vejam o filme, One day]
Hoje descobri uma particularidade do universo amoroso mexicano. O meu colega mexicano que vai não só casar com a namorada chinesa e ter um filho com a moça (está grávida) contou-me que no México por cada homem há 6 mulheres. E como ele diz, também por isso os mexicanos são mujeriegos (mulherengos) porque coitados não tem escolha com tanta mulher a persegui-los. Segundo o colega é mesmo assim que funciona, eles nem sempre querem ser infiéis mas porque as mulheres os perseguem eles caem no erro de pular a cerca e é, segundo o colega claro, perfeitamente normal um mexicano manter uma relação com 2 ou 3 mulheres ao mesmo tempo, mesmo dentro de um casamento. Perguntem se isso não dá problemas, e ele "dar dá, mas as mulheres aceitam" ou seja, é culturalmente aceite no México que um homem mantenha relações extra-matrimoniais porque pronto têm de ser uns para os outros.
Aqui diz-se ser ao contrário 1 rapariga para 3 rapazes e o medo e pressão de ficar solteiro, da parte deles, parece ser grande. E depois falta contabilizar as chinesas que saem da competição porque os estrangeiros lhes conquistam o coração...
¡Qué bonito!
p.s.: com tanta prática até se percebe porque os mexicanos são apelidados de melhores parceiros sexuais do mundo. Faz sentido, não!?
A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.