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As aventuras (e desventuras) de uma lusitana em terras do Oriente
Como em qualquer lugar do mundo que seja exótico, viajar é normalmente sinónimo de aventura, como nós o comprovámos este fim-de-semana.
Primeira aventura, conseguir com a minha cópia de passaporte comprar um bilhete no comboio de alta velocidade. Visto que o meu passaporte tá confiscado para obter novo visto de trabalho fui reticente, e já a adivinhar a dificuldade de obter um bilhete sem ele, tentar comprar um bilhete. Depois de ouvir uns 5 nãos, e de levar as mãos à cabeça, lá conseguimos que uma das gerentes me vendesse um bilhete, e isto graças à minha amiga chinesa, que sem ela teria sido um não definitivo. E tem graça porque nos de alta velocidade não podia viajar, mas nos normais "lentos" já me deixavam ir. Uma vez mais, a tal da lógica chinesa que eu não capisco.
Segunda aventura, bilhete comprado, descubro que vamos sentados sim, sentados no chão, que o comboio já estava como quase sempre está, totalmente lotado. E assim foi uma viagem passada no chão do comboio, bastante rijo por sinal. E claro, que atraímos logo chineses curiosos, curiosos por saber as nossas nacionalidades, mais curiosos quando descobriram que o colega americano fala chinês e namora com uma chinesa, e ainda mais deliciados porque nós bebemos cerveja às 10h da manhã. Juro que a ideia não foi minha. Cerveja às 10h, no hall do comboio, pertinho da casa de banho, com uma data de chineses à volta, merecia foto.
Terceira aventura, tentar chegara a uma ilha, isto depois de chegar a BeidaiHe, que é uma estância balnear noutra província mas ainda assim significativamente perto de Pequim para ter sido a eleita dos chineses ricos e do partido comunista como o lugar de encontros e de relaxe. Lá fomos persuadidos por uma senhora que tinha o marido à espera no carro (black taxi) para nos levar aos 5 ao destino. 4 pessoas no banco de trás não é agradável, muito menos quando a viagem dura quase uma hora, com uma paragem pelo meio para comprar cerveja, aliás demasiada cerveja. Os americanos são heavy drinkers. Cerveja que foi para a praia, aquecer na praia, e que ninguém praticamente bebeu, e que voltou da praia para a cidade, e que morreu abandonada no hotel. A pior cerveja do mundo, Snow.
Quarta aventura tentar regressar à cidade, por pouco que ficávamos na praia/ilha até ao dia seguinte e digamos que não teria sido nada agradável. Lá conseguimos uma van para nos tirar dali, antes de sairmos a condutora disse-nos que nos levava a um hotel que aceitava estrangeiros, rimos dela, não acreditando que qualquer hotel negaria a estadia a estrangeiros e fomos à procura com a certeza que era treta dela para ficarmos onde ela quisesse. Pois mas não era, para nosso próprio espanto a senhora tinha razão, e no primeiro hotel que o colega americano entrou levou com duas chinesas histéricas a gritar "não, não, não" e a mandar-nos sair imediatamente.
Seguiu-se mais um e outro, e em todos a resposta era a mesma, ante a nossa estupidificação e a nossa indignação lá encontrámos alguém que nos levou de carro para outra zona da cidade, visto que naquela não éramos bem-vindos e lá encontrámos um sitio que "aceitava estrangeiros". WTF, nunca vi nada assim, racismo puro e duro. Os colegas vieram logo com a teoria que nos iam matar ali, há sempre alguém com este tipo de teorias perante casos tão extremos de ódio aos estrangeiros. Mas felizmente sobrevivemos todos, e não sendo os nativos daquele sitio muito simpáticos lá conseguimos comer, dormir e beber sem grandes sobressaltos.
Última aventura, descobrir, no domingo, que os bilhetes de comboio, alta velocidade ou normais, sem grande espanto, já tinham todos voado. Felizmente, conseguimos bilhetes no autocarro que faz a ligação a Pequim, e assim acaba a nossa viagem. Num autocarro cheio de chineses, ainda que felizmente todos sentados, mas nem por isso menos desconfortável, primeiro com a música chinesa aos berros (tiveram o bom senso de a parar após uma hora de viagem) e depois porque digamos que 4 horas num autocarro é dose, principalmente quando se tem sono e não se encontra posição ou espaço suficiente para dormir.
Apesar das aventuras, a viagem foi revitalizante, mar, praia, mergulhos, jantaradas, fotos, amigos e ar puro... sinto-me muito mais leve :)
E a próxima, se sair mesmo, incluí carro alugado conduzido por "nós", Mongólia, camelos, deserto e mais ódio aos estrangeiros (quase de certeza). Mas bom venha de lá mais uma viagem aventura.
Hoje, hoje blogo e ouço música, para compensar os dias em que não escrevo e não tanto por falta de tempo mas por falta de vontade.
Hoje também descubro com prazer que a minha colega, a mosca morta aqui da área, é menos mosca morta que aparenta ser, visto que eu saí para almoçar e ela deu o fora do escritório. Faz sentido, os nossos bosses fizeram o mesmo, ou antes nem cá puseram os pés, eu tou aqui porque não tenho secretária em casa, e já sei que se for para casa, visto que com tempo de chuva não dá para ir a mais lado nenhum, fico por cá, tou bem instalada, e há Nespresso, e hoje é tão preciso. Mas tava a falar da colega, que tendo começado como uma lambe botas, agora começa a colocar as garras de fora, agora já gosto mais, que moscas mortas são uma seca do piorio :)
Raios tou cá a pensar que amanhã se chover como hoje o passeio até à grande muralha parte II vai ser um passeio díficil e muito molhado, mas não vou ser eu a cortar-me porque pronto detesto dizer sim e depois dizer não, e odeio quando o fazem comigo. Logo não faças aos outros aquilo que não gostas que te façam a ti, este princípio eu levo-o bem a peito e normalmente é razão para me afastar de certas pessoas que não o cumprem. É que uma coisa é dizer logo que não, outra bem diferente é ser cortes.
Já tou a ver o cenário amanhã, 2 portuguesas, e 2 ou 3 espanhóis em modo pintos molhados...Ah tudo pela aventura.
Para a semana já tenho convite para ir outra vez à muralha mas desta vez a uma parte que nunca fui, dizem que dá para ver o mar, e ir de comboio, alinhei logo, tenho tantas saudades de ver o mar, e ver a muralha perto do mar deve ser mesmo giro. O que quer dizer que este mês é o mês da Grande Muralha. Molhada. Muralha molhada cá me cheira.
Quando se vê o Sol, ainda que não claramente, e toda a gente comenta isso como se fosse um grande acontecimento. Pudera, eu conto pelos dedos das mãos as vezes que vi nitidamente o céu azul nesta cidade.
Os meus alunos fazem as perguntas mais engraçadas do mundo, do género, "o que está a fazer?", "não vai sair hoje?", "está sozinha?" enfim um pouco de tudo, mas já não é a primeira vez que me fazem esta "你为什么会来中国呢~你喜欢China吗?" que traduzida dá isto, "porque é que quiseste vir para a China, gostas da China?" e eu fico sempre sem saber o que responder, acabo por dizer que sim, que gosto da China. Mas a verdade é que nem gosto nem desgosto, há certamente algo que me faz aqui querer estar, ainda não consegui descobrir o quê exactamente, e depois há tudo o resto, o que me faz querer sair daqui bem rápido. E quanto a isto não estou sozinha, li isto algures e revi-me nas palavras deste estranho, e garanto-vos que é o que a maior parte dos laowais que vive na China sente, a não ser quem vive confortavelmente protegido da caótica China e chineses.
À pergunta: If you had the freedom to move anywhere in China, where would you go, and why? Tradução: Se tivesses a liberdade para te mudares para qualquer sitio na China, onde irias, e porquê?
Um estrangeiro respondeu:
Anywhere that is quiet peaceful and clean. A place where the drivers are courteous and don't use those terrible loud horns or act like they want to run you over.
A place where there is no spitting inside or making that horrible throat clearing noise. Where there are people who don't push you in line.
A place where people smile when they meet you and not look at you like you are something strange.
Did I miss anything? Oh yea , a place where I can live peacefully and be happy ever after? Is there such a place in China?
Qualquer sitio sossegado e limpo. Um sitio onde os condutores sejam bem-educados e não usem aqueles horrorosos e super altos apitos ou que ajam como se quisessem passar-te por cima.
Um sítio onde ninguém cuspisse ou fizesse aquele som horroroso a escarrar. Ou onde as pessoas não te empurrassem na filas.
Um sitio onde as pessoas sorriam quando te vêem e não te olhem como se fosses uma coisa estranha.
Falta-me dizer alguma coisa? Ah sim, um sitio onde podesse viver pacificamente e ser feliz para sempre? Existirá um sitio assim na China?
(tradução minha)
Fica a dúvida no ar, estou plenamente consciente que quem faz os sitios são as pessoas, isso é talvez 75% da fatia necessária para que se possa desfrutar de um lugar, mas digo-vos ser impossível ignorar os outros 25% quando esses 25% são chineses porcos, mal-educados, trânsito infernal, poluição desmesurada, qualidade de vida 0 e chatices a toda a hora. Valem-me as pessoas e o trabalho que me tem dado muita satisfação. Agora como explicar isto aos meus alunos, ahaha não vai dar não...
Quem? Os chineses, pelo menos estes seguranças daqui, que em vez de protegerem as pessoas que aqui vivem fazem o contrário, ameaçam-nas.
O caso não foi de todo comigo, nem sequer tive o desprazer de o presenciar mas a colega chinesa que ensina português, que foi atacada "verbalmente" e quase fisicamente, contou-me que um dos seguranças ao vê-la entrar no seu prédio com os seus alunos de português que costumam ser "habitués" em casa dela e do marido, quis impedi-los de entrar. Disse-lhe que ela não podia entrar com pessoas naquele prédio, sendo que ela vive lá e a meu ver somos todos livres de trazer para casa quem bem quisermos, logo ela, que pensa o mesmo, discordou e disse ao segurança que vivia ali, ele, o parvalhão, disse que não a conhecia, que nunca a tinha visto, e que ela estava a mentir.
Imagino que ela não deva ter gostado muito de ter sido chamada mentirosa e os ânimos exaltaram-se, entretanto os alunos disseram que ela era professora, mas o segurança disse que eles não podiam estar ali, imaginem, os estudantes não podem estar perto das residências universitárias, patético. A conversa já devia tar bem quentinha quando para o culminar da situação já de si vergonhosa, o segurança dirigi-se à colega com o pulso erguido fazendo com a mão um sinal de arma e dizendo-lhe ao mesmo tempo que a matava.
Este incidente ainda deu mais que falar quando a colega se dirige ao responsável para fazer queixa, e eles além de não acreditarem nela, mesmo tendo visto a gravação das câmaras de segurança, ainda lhe disseram que relevasse a situação porque o segurança é mais velho (e senil só pode) e que todos os seguranças deste sítio são muito bons e que jamais poriam em risco a segurança de alguém. Ela ficou, coitada, além de assustada, indignada e a sentir-se injustiçada, que no meio desta história toda, aos olhos deles ela é que estava a mentir e a exagerar o acontecido e que devia aceitar um pedido de desculpas e assunto encerrado.
A colega disse-me que não queria sequer ver o tipo, e disse ainda que não consegue viver descansada num sitio onde um dos seguranças a ameaça de morte, tendo mesmo dito que nunca na vida dela alguém a tinha ameaçado de morte (pois não é para menos, a menos que sejamos doidos não andamos praí a ameaçar pessoas de morte). Ela disse que se não resolver isto, e a meu ver seria o despedimento deste segurança, pondera ir embora daqui e desistir de ensinar na escola.
Agora eu já sabia que os chineses não são tão calmos como aparentam, mais uma ideia pré-concebida errada, mas imagino-me no lugar dela, e talvez até fiquem chocados com o que vou dizer, mas não sendo eu uma pessoa violenta, alguém que me levantasse a mão e me dissesse que me ia matar, levava bem o troco, e era naquele focinho. Não se deve bater em pessoas mais velhas, pois não, aliás não se deve bater em ninguém, mas quando é a tua segurança que está em risco, oh meus amigos, este sangue também ferve e, às vezes, uma pessoa tem de se controlar para não ir às trombas de muito chinês sem um pingo de educação, respeito e bons modos.
E sim eu sei, violência não resolve nada, mas deixarmo-nos pisar e ofender muito menos, viu-se pelo estado de nervos da colega, ofendida duas vezes por estes bandalhos de merda.
E agora, vou ali aprender Kung Fu para quando precisar de dar uns açoites nesta corja.
O meu dia em imagens:
Primeira: Hora de almoço com a colega chinesa que ensina português, que é uma chinesa bem educada, que diz vir dum sítio limpo, que já viveu em Luanda por 2 anos, mas que, ainda assim, ao comer cospe directamente para a mesa sejam os restos espinhas ou ossos. Uma vez chinesa para sempre chinesa.
Segunda: Aluna do 2.º ano na apresentação do trabalho de grupo, notícia sobre o PSY, o tal sul-coreano muito famoso com o raio do hit musical gangnam style. Não é que o raio da garota pôs-se a dançar como o senhor, tal e qual! haha adorei, foi só rir, no final só pude dizer "muito bom". Pena não ter onseguido fazer um vídeo.
Terceira: Dois alunos que já não ponham os pés na minha aula vai-se lá saber porquê? Quando os vi, fiz-lhes uma festa em chinês para ser mais dramático "Hao jiu bu jian" ou seja, "Há quanto tempo"! Em alto e bom som. Toda a turma em risota, os pobrezitos desejaram um buraco para se esconderem. Pobrezinhos dos meninos.
Quarta e última: O dia não é dia se não tiver chineses a olharem estupefactos para nós, as aliens, mas hoje no autocarro tínhamos um, virado de propósito para trás, plus palito na boca a rolar daqui para ali, a olhar feito estúpido para nós, durante toda a viagem, até que eu não aguentei mais e perguntei-lhe "há algum problema?". Certamente haveria. E era na cabeça dele. E dos bem grandes.
Todos os dias penso que já quase nada me pode surpreender no reino do arroz, mas a cada dia que passa acontece sempre mais alguma coisa que contraria esta minha convicção.
Se abres a boca para dizer alguma coisa em chinês, nem que seja para agradecer, para pedir um saco no supermercado, para agradeceres, ou fazeres a pergunta mais banal, ou então sugerir isto ou aquilo, quer seja ao taxista, à empregada do supermercado, à funcionária da loja A ou B, então é vê-los girar os olhos nas suas pequeninas órbitas e esperar que digam a tal frase "o teu chinês não é nada mau" que após ser repetida cem mil vezes só soa a oco e despropositado porque digamos que dizer meia dúzia de frases não é nada do outro mundo, ainda que para eles, os chineses, seja motivo de muito e inusitado espanto e admiração, como se jamais alguém, não chinês, pudesse alguma vez falar a sua língua. Go figer!
E quando a este tipo de comentários se junta a pergunta da praxe "de onde és?" (nacionalidade) mas assim até à exaustão e quando já não tás virada para responder, e te saí à descarada, como num dia destes me deu para provocar um taxista idiota (um dos muitos) e disse que era japonesa, ou melhor que éramos japonesas. O que diz o imbecil a isto "se forem japonesas faça-as sair do táxi". Até que gostava de ter visto isso a acontecer, imbecilidade.
Às vezes custa-me crer que estou rodeada de gente tão quadrada, e por mais que queira achar piada, já nem consigo, no outro dia ao almoço senta-se um chinês à minha frente que me pergunta "és chinesa?" no dialecto daqui, e como não percebi lá perguntou outra vez "és chinesa?", ah carago até já passo por chinesa, upa upa, devia ter respondido "claro que sou" ao invés do educado "não".
Juro que a sensação que tenho é que estamos todos a ser filmados, do género para aquela série de tv "apanhados" e alguém do outro lado do mundo se está a rir às gargalhadas com todo o tipo de cenas que aqui se passam com nosotros, os tontos dos estrangeiros.
Este sinal, amiguinhos, que vocês bem podem achar estúpido, ridículo, fora de sentido e claro desnecessário, mas deixem-me que vos diga, que tendo em conta as marcas de sola bem visíveis que vi no outro dia numa toilet estilo ocidental e, logo, no sítio destinado ao nosso rabinho, então só vos digo que estes sinais fazem todo o sentido em existirem e deviam ser obrigatórios em todos as casas de banho estilo ocidental.
Mais específica não consigo ser. Tudo isto é passar das marcas.
A China num todo:
Não há dia que não haja alguma coisa que tire estrangeiro que é estrangeiro do sério nesta santa terrinha, Deus quando fez a terra esqueceu-se de pôr os pés na China. É ver (ou viver aqui) para crer.
Em dia de chuva, a situação já por si má agrava-se, as cidades chinesas viram um verdadeiro pandemónio, trânsito de já por si sempre entupido, mais entupido fica. O chão sempre sujo e imundo vira um verdadeiro lamaçal, a água acumula-se em toda a esquina, e o chão, esse torna-se perigosamente escorregadio, mas não é só a água que o torna tão fatal, digamos que também outras substâncias ajudam ao barulho, e sinceramente vou-vos poupar a saber do que se trata.
Se onde havia ponte para facilitar a passagem às centenas de peões que transitam no caos destas ruas, então não se admirem se de um dia para o outro essa ponte, que tampouco impedia os carros de circular, desaparecer só porque sim, na China é assim, um dia está lá, no outro desapareceu, sem razão aparente. Acho que com muitas pessoas também se passa do mesmo. Puff, desapareceu, morreu? viajou? emigrou? quem sabe!
China que é China tem de ser anarquia, mesmo com um regime aparentemente ordeiro, mas tudo aqui é anárquico, como fazem as coisas, como seguem as regras (mais como não seguem), como coordenam o trabalho, como coordenam os trabalhadores, como atendem os clientes, como entram nos autocarros, como se metem nas filas, tudo é caos, absolutamente caótico, Deus não passou por aqui, em vez disso mandou o diabo divertir-se e desconfio que deixar um código genético de anarquia por toda a eternidade.
Olha para ela, uma tuga a queixar-se de caos e desorganização, mas juro-vos que até o pior desorganizado tuga se sentiria doente e perdido neste regime do caos.
A par do escrutínio policial que correu bem, ao que parece, pelo que a chinesa ajudante, com quem fui a policia, disse os policiais estavam muito divertidos a gozar comigo, a fazer piadas sobre não sei bem o que, nem perguntei sequer, isto porque falavam no inteligível changsha hua (dialecto local). Eu sorria, e quando me perguntaram coisas em mandarim achei por bem fazer-me de desentendida. Chinês que é chinês é cusco ate dizer chega.
Depois fui sozinha ao hipermercado fazer furor, era quase certamente a única laowai (estrangeira) nas imediações. Ainda assim noto que comparado com Wuhan aqui não desperto tanto as atenções dos chineses. Apesar disso, em qualquer lado há sempre aquele que para, aquele que se vira, aquele que comenta waiguoren ah (estrangeiro ah) e ate mesmo aqueles que apontam e chamam a atenção dos outros para verem e comentarem algo, normalmente crianças ou casais adolescentes com cara de parvos.
Seguiu-se almoço a hora chinesa, desta vez fui fazer furor para um KFC, nunca virei a ser uma pessoa famosa, mas consigo imaginar um pouco como se sentem mal entro num restaurante a pinha de chineses, todos param de falar, de fazer o que estavam a fazer, até de comer se for preciso para se virarem e verem a alien (neste caso eu) que acaba de invadir o espaço unicamente chinês. Eu das duas uma, olho-os e confronto-os até os constranger (funciona com a maioria) ou então ignoro e faço de conta que não tenho 20 cabecinhas a olharem todas para mim.
Tarde complicada, sono ate não mais, dormi quase a tarde toda, tou ferrada para dormir esta noite, maldito jet-lag.
Convívio pré-jantar, jogatina de monopólio cartas (?) com os espanhóis que adoram gozar com as portuguesas, tem piada que nos podemos gozar com eles por nao perceberem patavina do que dizemos, eles limitam-se a tentar imitar e dai o gozo.
Jantar, para mim míni jantar, MC Donalds, isto porque 2 cadeias de fast food no mesmo dia não de todo. Ansiosa por poder começar a cozinhar, e fugir ao máximo ao picante dos infernos e ao fast food da engorda.
Balanco do dia: positivo.
Amanhã vou a igreja, a tarde pois claro, missa em chinês ao que parece, cânticos e tal, mas vou-vos ser sincera, vou porque dizem haver uma padaria com pão do melhor mesmo ao lado da mesma, isso e para conhecer mais da cidade acompanhada. Que pecadora que eu sou ah!
A cidade parece bastante mais habitável que Wuhan. transito caótico, mas suportável, céu ontem e hoje azul, azul, nem uma nuvem no ceu, que bom, a ver se se mantêm, do pouco que vi no caminho do aeroporto para cá parece ser uma cidade simpática, terei tempo para tirar as devidas conclusões.
Comida, digamos que nunca comi nada tão picante, picante ao ponto de ficar com a língua dormente e todos os restantes sentidos durante demasiado tempo, dizem que e uma questão de habito, outros dizem que não vai lá com o habito. E eu que ate gosto de picante mas isto e um abuso. Também pudera, a seguir a Sichuan, esta e a província com a comida mais picante da China.
A língua local e um pavor, se ja mal percebia o dialecto de Wuhan, aqui afigura-se mais imperceptível. Not good!
Os locais parecem simpaticos, mas la esta sao as primeiras impressoes. E esperar para ver.
E são estas as primeiras impressões, estou cansada, dormir esta difícil, e o jetlag ao rubro.
Dizem que esta e a cidade com a vida nocturna mais animada da China, ontem do pouco que vi parecem-me que forrobodó e o que não falta para estes lados. Melhor assim, os colegas disseram logo que Wuhan tinha ma fama nocturna, não pude, de todo, desmentir. Por ma fama entenda-se, ser chato e parado.
Assim e a minha nova aventura chinesa, desta vez por terras de Changsha, capital da província de Hunan, que e como quem diz, fica a Sul de Wuhan, e a Norte de Cantão, ai pelo meio.
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