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As aventuras (e desventuras) de uma lusitana em terras do Oriente
Sou uma blogger do piorio, nem agradeci o destaque dado ao meu último post. Um obrigado atrasado à equipa da Sapo pelo destaque. Toca a ler livros em inglês, mas cuidado para não os perderem como eu.
Passo a explicar, então andava eu a ler, toda feliz da vida, The Book Thief de Markus Zusak, versão original, e não é que por distracção perdi o livro.
Bem primeira vez que me acontece, perder um livro assim sem mais nem menos, fiquei mesmo estupefacta com a minha distracção. Vai uma pessoa cheia de malas e coisas na mão, pousa as coisas sabe-se lá onde e depois de um maravilhoso jantar com amigos dou pela falta do livro, fiquei fula comigo.
O mais caricato ainda é que a protagonista do livro, Liesel Meminger, a menina que roubava livros, adquiriu o primeiro livro da longa colecção dela, porque, durante o enterro do irmão mais novo, um aprendiz de coveiro perde o livro que andava a ler sobre a profissão. Assim que o primeiro livro da colecção da menina que roubava livros é sobre a arte de um coveiro.
Depois que passou a ira, achei piada ter perdido o livro, e fiquei a imaginar quem foi o felizardo ou felizarda que o encontrou, ainda a pensar se a pessoa em questão iria lê-lo ou não pelo facto de estar escrito em inglês. (ou simplesmente por não achar piada a livros, há tanta gente assim, não percebo bem como, mas há.)
E pronto, agora, sinto-me tentada a comprar o livro novamente, ou então vou vasculhar bibliotecas e na colecção de amigos a ver se algum tem este livro, para não ter de o comprar novamente. Isto porque recentemente comprei alguns, e hoje sinto-me tentada a comprar mais 2, tudo por culpa dos saldos e promoções da Wook.
E é que agora nem sei o que leia, não sou de deixar livros a meio e começar a ler outro deixa-me "perdida", mas se bem que neste caso a paragem é forçada...ahaha
Já me tinha esquecido do bom que é ler em inglês, e espanhol também seria. Tirando o Português só conseguiria ler um livro integralmente escrito nestas duas línguas estrangeiras.
É tão fácil, e eu dou sempre por mim a optar pelo caminho mais fácil, ler as traduções, mas a partir de agora vou tentar reverter a tendência e ler livros sempre que possa no original, isto quando eles forem escritos na língua nativa do autor, ou seja, autores cuja língua materna seja inglês e espanhol, ou que escrevem nestas línguas. O que é muito fácil visto que muitos dos meus autores favoritos escrevem mesmo nestas línguas. Tirando os russos, alemães, franceses, japoneses, italianos, esses é, que pronto, não vai dar.
Ando deslumbrada com o livro que ando a devorar, The book thief (a rapariga que roubava livros), de Markus Zusak, autor australiano, que tem uma escrita encantadora que nos prende desde o primeiro minuto.
Diz coisas assim fofas como esta:
The only thing worse than a boy who hates you
a boy who loves you
Ao que eu acrescentaria, unless you love him back!
"Sempre julguei entender o suficiente de homens. Julgava que eram formados por oito partes de vaidade e duas partes de outra coisa qualquer... Porque nove em cada dez homens julgavam que, ao fazerem-me olhinhos, eu iria colocá-los num pedestal, e que os adoraria por serem tão bonitos e cheios de engenho. E querem que falemos numa vozinha melosa, que nos rocemos por eles como uma gata com cio, entremos em êxtase com a sua tremenda inteligência, que eu, naturalmente, uma rapariguinha pobre e modesta, ignorante, uma florzinha de inocência e ingenuidade, não podia, decerto, compreender facilmente a sua imensa grandeza... (...)
(...) são a tal ponto vaidosos, na cama e à mesa, em passeio (...) são todos tão vaidosos que até parece que a vaidade é a única doença incurável do género humano."
in a Mulher Certa.
Atual, não? Isto tendo sido escrito por um homem ainda lhe confere maior grau de veracidade. Que grande e perspicaz apreciador do género humano era este Sándor Márai.
Mais passagens interessantes seriam muito pertinentes de citar, mas, em vez disso, recomendo, a quem interesse pois claro, ide ler este grande autor húngaro.
"porque é que na escola não se ensina nada sobre as relações entre homens e mulheres? A pergunta é séria, não estou a brincar. No fundo, é tão importante quanto os montes e rios do país, ou as regras fundamentais do discurso. Pelo menos, influi sobre a serenidade da pessoa, tanto quanto a educação ou uma norma da escrita. Penso que, no momento certo, pessoas inteligentes e preparadas, poetas, médicos, deveriam falar aos jovens da alegria da convivência, das possibilidades de vida a dois, homens e mulheres..., não da "vida sexual", mas da alegria, da paciência, da modéstia, da satisfação. Quando verbero os homens é que neles desprezo, talvez, acima de tudo, essa cobardia - a cobardia como escondem, de si mesmos e do mundo, o segredo da própria vida."
Sándor Márai, in a Mulher Certa
Tendo feito uma ligeira pausa no Livro do Desassossego de Fernando Pessoa, que aquele livro deixa mesmo uma pessoa desassossegada como um amigo meu já o tinha referido, ando deliciada com este, " A mulher certa" de Sándor Márai.
E que livro, estava capaz de o citar todos os dias, e tenho a certeza que é daqueles livros que voltarei a ler sem pensar duas vezes, e arrisca-se a ser o primeiro a ser sublinhado. (não tenho esse hábito porque penso sempre que o vou emprestar a alguém e as partes sublinhadas desmarcaram-me).
"Que, nestas coisas do sentimento, não há conselhos. Era o que também eu suspeitava, vagamente. No fundo, não há nenhum "conselho" para a vida. As coisas acontecem, é tudo."
Ler mais este ano é o objectivo. Tenho tempo o que já por si é óptimo, tenho vontade e tenho uma mini pilha de livros em casa.
Este ano já li alguns (os da imagem direita), e estão por ler outros (os da esquerda). E por comprar muitos, está quase aí a feira do livro de Lisboa, será a primeira vez para mim, espero não me desgraçar muito na carteira.
Leitura do momento
So far so good
Motivação procura-se especialmente aquela que me fará voltar a exercitar o corpito. Ando a prometer regressar ao ginásio há mais de um mês e até agora nada. Será em Maio?
Enquanto não me dá para cultivar o físico vou cultivando o intelectual, aliás é muito mais saboroso e fácil. É só ter um livro à mão :)
Ontem acabei de ler um livro de uma autora totalmente desconhecida para mim, Sarah Dunn, o título em questão era "Quando menos esperamos...". Literatura light, o que normalmente não faz muito o meu género, tendo sempre muito mais para grandes autores. Mas resolvi dar uma chance a este género. Leu-se bem, a mensagem que vinculava é: vive a tua vida, take nothing for granted, encara a vida como uma sucessão de coisas boas e más em que ser feliz exigirá não exigir demasiado de ti ou dos outros, porque uma coisa é certa, a vida dará as reviravoltas que tiver de dar e o poder que pensamos ter sobre os outros e os seus sentimentos é meramente uma grande e enganadora ilusão. Não há certos nem errados, há vidas à espera de serem vividas sem moralismos.
Bom este livro foi um escape de fim de semana, e à literatura eleita de sempre, Saramago, Garcia Marquez, Eça, Dostoiévski, Steinbeck, Murakami, Llosa, Jorge Amado. Mas estou a precisar de alargar o meu leque de escolhas, e tenho tentado ler mais autores portugueses. No entanto, ainda nenhum dos contemporâneos me despertou particular interesse.
Um dos últimos livros que li foi "O véu pintado" de Somerset Maugham e dele já tinha também lido Servidão Humana e entrou necessariamente para a minha lista de autores favoritos. E descobri que o filme "o véu pintado" não é fiel ao livro, aliás nada fiel, e o que o livro é upa upa mil vezes mais imperfeitamente perfeito que o filme.
Que nunca me falte o que ler. E tempo também.
Acredito que tudo o que é mau nos fará sentir mais fortes, se a isso sobrevivermos. Que, apesar de não sermos inquebráveis, sabemos que até dos maus bocados podemos tirar alguma coisa de bom.
Eu não sei até que ponto tive a sorte de encontrar este livro, ou terá sido ele a encontrar-me. Mas para o caso de estar prestes a ceder a qualquer sentimento menos nobre vou ter isto sempre em conta, bem guardado no meu coração, ponto assente na minha razão como arma, mas mais do que isso, como certeza absoluta.
A armadilha do ódio é que ele nos prende demasiado estreitamente ao adversário.
Pouco a pouco, a imagem envenenada do homem desaparece-lhe do espírito, onde bruscamente surge a seguinte frase: não posso odiá-los porque nada me liga a eles: não temos nada em comum.
Uma vez mais, Milan Kundera,
in A Imortalidade
Se não tens nada de interessante que escrever, não escrevas. LÊ! e cita
...ouviu a voz invisível de alguém que lhe dizia: «Aqui está um homem! O verdadeiro. O único. Não há outro no mundo.»
...experimentava uma felicidade não isenta de certa melancolia: o único homem que se sentia capaz de amar era ao mesmo tempo o único que lhe era proibido.
É isto, Milan Kundera sempre no seu melhor,
in A Imortalidade.
Está uma gaja que adora ler com grandes expectativas relativamente a um livro, e que opta primeiro por ler os livros e só depois ver as adaptações ao cinema para no final de ler o livro chegar à conclusão que não percebo tanto assim porque acham o "the great gabsty" um grande livro, a meu ver de "great" tem muito pouco, mais uma prova que os gostos literários são muito relativos.
Não me prendeu de maneira nenhuma, nem no inicio nem no fim, achei a história tão pouco criativa, tão pouco sentida, e tão teatral, tão à americana, tanto que um livro que se lê em uma ou duas noites afinal deu para uma mão cheia delas e ainda me deu sono no final.
Já há muito tempo não via as minhas expetativas tão defraudadas. Pelo menos já posso ir ver o filme descansada, ainda que já tenha lido que o filme até se manteve fiel ao livro, o que não abona nada nesta equação. Antes me tivesse ficado só pelo filme, que agora já sei o que vai acontecer. Espero que pelo menos o filme supere de longe o fraquinho que é o livro (na minha opinião claro).
Alguém que me explique onde é que a jóia do livro pára porque eu não a encontrei, será que foi por tê-lo lido em inglês? Não, acho que foi mesmo a escrita do autor que não me apaixonou.
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