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Metamorfose

por mandarina, em 23.02.12

O "mandarina" está em pleno processo de metamorfose. Atendendo às sugestões, sempre bem-vindas, dos que me lêem decidi optar por um fundo mais suave, isto porque prezo a saúde visual dos meus leitores e não quero que os meus posts façam dor de cabeça a ninguém. Infelizmente estou com algumas dificuldades técnicas, é que eu e as CSS upa upa, somos amigas de longa data desde as saudosas (ironicamente falando) aulas de Multimédia. Por isso, enquanto não der com o problema, peço desculpa e paciência aos que tentem deixar comentários uma vez que aparece tudo preto.

O layout do blog também ainda não está como eu quero mas, eventualmente, hei-de lá chegar. Espero que gostem deste mandarina de cara lavada.

 

Metamorfose. Para quem já teve um bicho-da-sede sabe bem o que isso é, o bicho come come come, hiberna até ao dia que a lagarta vira borboleta.

Na vida real, o processo é, igualmente, demorado; nascemos, deixamos o aconchego do colinho da mamã, começamos a explorar, a descobrir, continuamos a crescer, ganhamos consciência de nós e dos outros, caímos, magoamo-nos, aprendemos, lá saímos debaixo das asas dos papas e vamos à luta pelos nosso próprio pé, batemos asas e voamos, e, eventualmente, como a mim me aconteceu, vimos parar ao outro lado do mundo, longe, muito longe do aconchego da família, dos amigos, da língua mãe, dos hábitos, e do país que adoramos dizer mal mas que amamos acima de qualquer um.

 

Eu gosto sempre de pensar que, passe o tempo que passar, eu continuo, na essência, igual a mim mesma, que continuo. Mas não nos iludamos em pensar que a vida não nos muda, não nos molda, não nos enrijece. Eu cresci mais neste ano fora de Portugal que nos últimos anos que lá vivi. E continuo a crescer. É a minha metamorfose levada ao extremo.

 

Metamorfose, interior e exterior. Este ano, 2012, tem-me feito descobrir mais sobre mim do que o ano que passou. Fez-me sentir que precisava de uma mudança de dentro para fora e vice-versa. Senti necessidade de mudar de look, de atitude, cortar com o que me fazia mal, e, focar-me mais em mim. Foquei-me nas minhas prioridades e bem-estar, nas minhas fraquezas e frustrações, e, especialmente, nos meus princípios e objectivos de vida. Tem de haver espaço para tudo, mas antes de nos concentrarmos nos outros, centremo-nos em nós.

 

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Não, eu não...

por mandarina, em 20.02.12

...telefono às pessoas, nem às que gosto muito, nem às que gosto assim assim, nem às que tão longe nem às que estão perto. Quando telefono não é por gosto, é mais por obrigação. Telefono à minha mãe mais porque ela se passa se eu não lhe telefono, telefono à minha avó porque me faz falta ouvir a voz dela, e muitas vezes, custa-me telefonar e esqueço-me inclusive porque eu não gosto de telefonar. Para mim um telefonema é a pior forma de comunicar com alguém, oiço a pessoa mas não lhe vejo a expressão facial, não lhe vejo o sorriso, ou o olhar triste das saudades, não lhe adivinho os pensamentos porque não a olho nos olhos, oiço-a mas muitas vezes não me chega mais do que uma voz desprovida de contornos.

 

Já várias vezes me questionaram porque não telefono, nunca lhes disse, mas a verdade é que odeio telefonemas, e quando tenho de ser eu a fazê-los ainda pior. Sinto sempre que vou invadir a privacidade alheia, que vou intrometer-me entre a pessoa e outras pessoas, ou a pessoa e os seus pensamentos ou afazeres. É como que roubar tempo, é uma invasão que não me julgo no direito de fazer, fico sem jeito e, normalmente, sem vontade. No fundo, um telefonema não é só um telefonema, para mim é mais como um transtorno.

 

Odeio telefonar por obrigação seja para onde for, seja a quem for, e odeio falar com pessoas que não conheço ao telefone mesmo que seja só para pedir informação. Odeio receber boas ou más notícias por telefone.

Eu sempre fui muito mais de mensagem, mas nunca daquelas que enviam 2 mil por dia e que tem os dedos colados ao teclado, e de ano para ano, dou por mim a cada vez escrever menos mensagens, prefiro enviar mails. Ainda assim entre um telefonema e uma mensagem opto quase sempre pela mensagem escrita, que tenho sempre a sensação que o que se lê se entende melhor que o que se ouve. Mas isto sou eu.

 

E, não é falta de vontade de me comunicar com as "minhas" pessoas, é mesmo incapacidade de me conseguir ligar a elas através de um telefonema. Porque os meus sabem que procuro sempre saber deles, de que forma for, não deixo os meus amigos sem notícias nem os meus pais preocupados, nem os meus avós saudosos, mas por telefonema não gosto muito. 

 

Posto isto - mandem mensagem...

 

p.s e às vezes também não atendo certas chamadas só por me achar nesse direito, que aquilo da privacidade vale também no que a mim me diz respeito

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Foco

por mandarina, em 18.02.12

Quem nos orienta quando andamos à nora sem saber o que querer, sem saber o que fazer, sem perceber o que nos rodeia, sem entender o que nos move, sem conseguir discernir o que o coração quer e a racionalidade exige. Das últimas vezes que tive de tomar decisões determinantes não tive tempo para pensar se era mesmo aquilo que queria, nem tempo nem vontade, quis deixar-me levar, ir ao sabor da maré, a primeira trouxe-me para Shanghai por 6 meses, a segunda trouxe-me para aqui 9. Shanghai faz parte do passado, Wuhan é presente por mais 4 meses.

 

E agora, e a seguir? Onde quero eu ir? Por onde me decido desta vez?

Não possuo a resposta de onde vou estar amanhã mas se não sei bem o que quero, uma coisa é ponto assente, sei o que não quero e tenho cá para mim que desta vez a resposta vem desta forma. Foco.

 

Não quero e não vou ficar em Wuhan, nem que a porca torça o rabo. É a cidade mais suja, mais desinteressante, mais poluída e mais deprimente que tive o prazer de viver. Se bem que viva no campus, o mal estar começa quando se saí dele e se dá de caras com sujidade das pessoas e das ruas, trânsito caótico e ar irrespirável. Uma infindável lista de turn offs. Da universidade, até pode ser que esteja muito enganada e não seja das piores para estudar mandarim, as condições e preço nas residências são um grande ponto a favor mas não compensa se compararmos que não há jeito de se ter qualidade de vida nesta cidade.

 

Ponto assente, desta vez e, sim vou concorrer a uma nova bolsa de estudo para mais um ano, mas desta vez recuso que o governo chinês me dite a sorte. Até me pode enfiar no sítio mais inóspito, na cidade mais improvável, na universidade mais XPTO mas desta vez escolho eu onde quero ficar, não gosto renuncio à bolsa que bastou-me uma vez ser capataz dos desmandos do governo chinês. Obrigada, mas na minha vida mando eu.

Isto para dizer que é de minha livre vontade continuar a estudar por mais um ano mas caso não possa escolher, ou não acatem a minha escolha, direi obrigada, mas não.

 

Ponto n.º2 não é capricho, é vontade de ser eu a decidir o que faço de mim. Por isso, o mais certo é uma de duas coisas acontecerem: ou irei para onde escolhi estudar ou então irei à minha vidinha para qualquer outro sítio trabalhar e continuar a estudar, se possível, por minha conta e prejuízo.

E aí o céu é o infinito, tanto se me dá ir para Pequim, Shanghai, Dalian, wtv, como se me dá ir para Hong Kong, Singapura ou Kuala Lumpur. Na pior das hipóteses volto para Portugal. Mas continuar pela Ásia, especialmente mainland China é prioritário para não deitar ao lixo este ano de estudos.

 

Lá está o que é preciso é foco, e o que é baço começa a parecer bem mais nitido.

 

p.s aos futuros bolseiros ou potenciais bolseiros, não se preocupem que não penso "roubar" lugar a ninguém e fazer como muita gente faz, renunciam à bolsa sem avisar a escola quando outra pessoa poderá estar a ser excluída. Isto no caso de voltar a obtê-la e vir a não querer usufruir dela.

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Sobriedade

por mandarina, em 15.02.12

Vivemos sem que ninguém nos indique que caminho devemos percorrer para que sejamos sempre felizes, sempre seguros, sempre em paz. Ninguém nos sabe indicar o caminho, nem pais, nem irmãos, nem amigos, avançamos sozinhos por nossa conta e risco.

Às vezes pergunto-me o que me fez vir aqui parar, e mais do que isso, como vim aqui parar, que caminhos segui e que riscos corri, quem deixei para trás, que caminhos ignorei, que caminhos me esperavam noutro sentido. Decerto ninguém saberá, eu tampoco. Hoje estou aqui pelas minhas próprias convicções e acções. Hoje vejo-me a questionar-me onde quero estar amanhã, com a certeza que o hoje é aqui e em mais lado algum, mas e o amanhã?

Penso no que me fez vir aqui parar, não falo no espaço físico, mas no todo, onde quero estar, como quero estar, quem quero ser amanhã. São estas as decisões que nos moldam a vida, para o bem ou para o mal.

Há um ano atrás com mais ou menos certezas sabia que não tinha muitas hipóteses, pensava eu, na minha pequenez e com os horizontes limitados. Hoje com menos medo, mais ambição e muito mais insatisfação, sinto-me um barco à deriva sem saber para onde apontar o leme.

Hoje perguntaram-me "quais são os teus planos?", e eu "continuar a estudar, mais um ano" com menos convicção de que suponha porque hoje não sei se é verdadeiramente isso que quero. Adiar começar a viver outra vez, quando a minha vontade é essa, começar a viver, começar a viver e ser eu a comandar o meu destino. Deixar de ser nómada e estar condicionada aos desmandos de quem me dá uma bolsa para estudar e viver. Começar a viver no sentido de começar a construir, construir o meu percurso profissional, começar vida de adulta, deixar de ser estudante e pobre, deixar de viver em residências, deixar de resumir o meu dia a ir às aulas, sentar e ouvir, e passar o resto do dia a fazer tpcs ou aplicar o que se deu nas aulas, e viver em função de campainhas com toques ridículos, com professores maçadores, em função de exames que me deixam os nervos em franja.

 

Mas a vida de estudante é, também isso mesmo, uma recusa do dever, uma responsabilidade adiada em contas por pagar, em encargos e impostos, e mais que tal. Uma adiada vontade de ser adulto para ser sempre aquele que estuda e que leva a vida mais fácil, mais leve e descomplicada.

A dificuldade é saber conciliar as vontades, as minhas, a vontade de ser dona do meu nariz e não viver uma vida de mentirinha uma vez que não tens casa, não tens dinheiro e não tens pernas para andar além do que podes alcançar.

 

Apetece-me um pouco dos dois mundos, mas apetece-me mais crescer e assentar, construir e explorar, e pertencer a alguém e a algum sítio de uma forma mais segura, mais madura, mais adulta, o que enquanto estudante é uma realidade senão ilusória, quase impraticável.

 

De tudo o mais que preciso agora é de sobriedade para ponderar ambos os lados da balança e descobrir para que lado ela começa a pesar mais.

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Inadaptada

por mandarina, em 31.01.12

Devia ser o meu nome do meio.

Dou por mim a querer, sempre, fazer parte de outro universo. Quando vivia no meu país não queria viver ali, achava que era pequeno demais para aquilo que queria conhecer, aos meus olhos era um horizonte muito limitado, era um meio que não me deixava espaço para crescer. Quando saí desse meio, saí do meu mundo, vim conhecer outro e dei por mim a querer voltar, porque aquela cidade não era a minha, aquela gente não era a minha gente, vivi 6 meses inadaptada. Voltei ao meu país e senti-me deslocada, senti-me grande demais para um espaço agora ainda mais pequeno e, onde julgo, ter perdido o meu lugar.

 

Hoje não sinto que me sinta mais deste sítio que de qualquer outro, não pertenço aqui, não me encontro nestas ruas, nas maneiras desta gente, nos olhares que nos perseguem porque somos diferentes, não me revejo neste dia-a-dia, não me acho neste quotidiano desconectado de sentido. Mas, talvez se assim não fosse, saberia que tinha chegado ao sítio que um dia será um pouco meu. Este sei que não o será, mas o meu olhar perde-se num futuro que ainda não existe. E a inadaptação faz-nos viver uma vida com os olhos postos no futuro, incerto e indefinido.

 

A inadaptação é o meu nome do meio, certamente, e eu contra ela nada posso, nunca pude, sempre fui inadaptada desde que me vejo como gente, inadaptada dentro do meu círculo familiar, inadaptada entre o meu grupo de colegas, inadaptada em todos os grupos que participei, inadaptada nos caminhos que a vida escolheu para mim. Não é um cenário triste ser inadaptada, não enquanto não perder a esperança que um dia vou encontrar o meu lugar algures por aí. Porque enquanto sonho, e enquanto sinto esperança faço por mudar, ainda que, isso signifique sempre partir, uma vez mais.

 

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Noites mal dormidas

por mandarina, em 28.01.12

Hoje dormi mal, tive uma espécie de insónia que me fez levantar para comer algo que isto aparentemente funciona comigo, com a barriguinha composta adormeço num instantinho, mas comer e dormir, apesar de dar quase sempre resultado, leva-me a sonhar, a ter pesadelos. Já há muito que não sonho, agora sempre que sonho tenho pesadelos. Não que me lembre deles na íntegra, mas lembro e acordo sempre com um amargo de boca que me faz invariavelmente andar mal disposta o dia inteiro. Agora que estou em pleno período de hibernação posso dar-me ao luxo de andar muito mal disposta visto que não redirecciono a má disposição para cima de ninguém.

 

Mas bom, às vezes não é nada mau passar a vida em revista, e ponderar sobre ela mais a fundo e às portas de me candidatar para o segundo ano de bolsa de estudos que, espero sinceramente conseguir, acabei por pensar que, tendo decorrido 5 meses de estudo, não estou a saber dar valor à oportunidade que me foi concedida. Não da maneira que devia, voltar a estudar foi a decisão certa, até aí não duvido, e quase com um quarto de século de vida a maturidade é outra, e a vontade devia, portanto, ser outra.

 

Conclusão: isto tudo para dizer que estou aqui porque quero, porque acho que não poderia neste momento estar a fazer outra coisa qualquer, que os meus 3 anos de licenciatura/ 2 mestrado não me deram o suficiente para me aventurar pelo mercado de trabalho selvagem que hoje em dia se vive e, porque, admito que não estou preparada de forma alguma para desempenhar qualquer profissão com empenho, vontade e assertividade.

 

Segunda conclusão: andei 5 meses a desperdiçar esta maravilhosa oportunidade que é voltar a estudar e o quanto isto me pode ser útil no futuro, que, agora quero olhar para esta oportunidade com outros olhos, não como uma vontade imposta, do agora "estudas que não há opção melhor" mas antes, como "estudas porque ainda não te formaste na pessoa que um dia queres ser e esta é talvez a última oportunidade que tens para o fazer".

 

Faz-me pensar que não encontrei vocação alguma quando entrei na universidade e que, hoje, tenho esta oportunidade de aprender mandarim como deve ser, a tempo inteiro, e da maneira mais facilitada que é, e que mesmo assim, não sei dar o devido valor a isto.

 

Prioridades, palavra forte, quais são as minhas? Prioridades vs vontades, nem sempre é fácil conciliar as duas e eu não tenho sabido encontrar o caminho que as une, mas ter consciência disto tudo é já um grande passo. Espero estar no caminho certo, já que sei que não me vejo agora em nenhum outro.

 

Confuso? Na minha cabeça começa a fazer todo o sentido :)

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Ser português

por mandarina, em 27.01.12

Sei ser-me portuguesa, e dou graças aos meus pais, ambos portugueses de gema, nunca me terem confundido a identidade, porque até posso ter um nome francês e ter nascido num país que não o meu, e até posso estar um ano, dois, três sem pôr os pés no meu país mas sei-me ser portuguesa da cabeça aos pés, até ao mais infimo fio de cabelo, e tenho orgulho em ser 100% portuguesa.

 

Acho que só agora sei e sinto o que isso é, e o porquê deste post, especialmente porque foi na China que descobri a minha identidade, não me sabia tão portuguesa como hoje sei que sou. Hoje ao ouvir o programa da manhã da Rádio Comercial, pronto vai parecer um pouco ridiculo, mas emocionei-me por ouvir pequenas piadas em português e por sentir que aquela não é só a minha língua, a língua mais linda do mundo, aquela é também parte da identidade de quem sou. Nunca vou ser outra a não ser portuguesa.

 

No outro dia, ainda em Shanghai, conheci uma rapariga brasileira, ela não sabia de onde eu era, não nos conhecíamos, claro, mas depois de saber que eu era de Portugal, disse-me em português do Brasil "ah então você sabe falar português" e, ainda, disse "que bom estar a falar em português" que ao que parece a moça já não falava português cara-a-cara há dois meses com ninguém.  É mesmo uma sensação indescritível e eu tenho a sorte por ter a R. à mão e por não saber o que é estar sem falar português diariamente e directamente.

 

Tenho a sensação que passo sem muita coisa, até sem coisas que outras pessoas não passariam, mas sinto que não aguentaria estar sem alguém por perto com quem pudesse falar a minha língua, aquela em que nos sentimos confortáveis, em que nos podemos soltar e ser nós, deixar correr o pensamento, dar à língua, e dizer coisas que só fazem sentido na nossa língua.

 

Tenho pena de não ser fluente numa segunda língua, poderia ter sido, mas quiça tenha sido pelo melhor não ser, que, assim, não me sinto dividida, e sinto que a língua materna é determinante no nosso desenvolvimento enquanto pessoas, e é ela que, até certo ponto, nos confere identidade. Uma coisa que nunca poderia aceitar seria que, enquanto portuguesa, na minha casa se fale outra língua que não o português, aparte da língua do país em que se vive, há antes disso, a nossa língua, a língua dos nossos pais, dos nossos avós, dos nossos bisavós, a nossa herança, e a nossa língua é o nosso património intangível mais valioso.

 

Infelizmente, e com muito desagrado meu, vejo que na minha família, por ser uma família de emigrantes, se tenha perdido o entusiasmo pela língua portuguesa, mas comigo nunca haverá espaço para ser assim, nem que o meu respectivo fosse chinês, os meus rebentos haveriam sempre de saber desde o primeiro momento que podessem falar, a língua mais bonita do mundo: a nossa, a língua de Camões.

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Elogio

por mandarina, em 08.12.11

Hoje na vinda para casa depois de mais uma aula de Business English, da qual estou super contente por finalmente sinto que captei aquelas antenas chinesas todas e estavam todos excitados. Se tivesse de me dar nota, dava-me no minimo um 90%! clap clap para mim portanto:) Isto vai ser um desafio duro de roer, mas estou cá para ele e vou ganhar o desafio, ah se vou.

 

Mas ora então, ia dizendo, vinha a pensar com os meus botões no regresso à residência que aquela do "se eu não gostar de mim, quem gostará?" é uma das melhores frases para levantar a auto-estima. E porque, de vez em quando, (quase) toda a gente, mulherio principalmente, se vê com a auto-estima jogada à sarjeita (eu inclusive, infelizmente) então lembrei-me porque hoje seria um bom dia para escrever um elogio a mim própria. Pronto, já estão novamente a pensar que me esqueci de tomar os comprimidos, nada disso! Isto porque este exercício é espectacular quando a vossa auto-estima anda pelas ruas da amargura, perdida, esfarrapada, e inconsolável. A minha não anda, mas não faz mal exaltá-la de vez em quando.

 

Este exercício é espectacular, e funciona às mil maravilhas, chego mesmo a pensar que sou a mulher mais espectacular do mundo e fico mesmo convencida disso durante algum tempo. Vá que isto seja só um exercício e este deve ser, só, o climax da coisa.

Então o exercício consiste em, não pôr defeitos nos outros e no mundo, mas em salientar tudo o que gostamos em nós próprias. Bom, se me permitem, vou mesmo passar ao meu próprio elogio, e sempre que a minha auto-estima se vergar às amarguras da vida venho cá ler este post.

 

Começo logo com o que se destaca em mim, ou seja, pelo que os olhos vêem, é sempre bom dizermos o que em nós nos faz sentir bem e bonitas. Então em mim, gosto da brancura do meu sorriso, gosto dos meus olhos côr de amêndoa, gosto da cor e textura do meu cabelo (mesmo quando ele insiste em cair feito as folhas do Outono) e gosto de acordar sempre penteada, posso mesmo sair de casa tal e qual como acordo:) gosto do meu corpo, quando se aprende a ver os pontos bons aprende-se a dar valor ao que se tem, até da minha altura já aprendi a gostar, ok, este aspecto demorou uns tempos a limar, mas, agora sim, posso dizer que gosto. Gosto de mim fisicamente, mais do que nunca, pequena mas cheia de formas sexys, que convém não descuidar!

 

Depois de pensares no que gostas em ti fisicamente vem a parte mais desafiante da coisa, o que realmente adoras em ti enquanto pessoa e aqui convém deixares a modéstia de lado. Sempre fiquei estupefacta com certas pessoas que se gabavam de ser assim ou assado, pois olha essas pessoas, quando não passarem dos limites e não forem só garganta, tem o meu total apoio, não é uma questão de se gabarem, é antes uma questão de se valorizarem enquanto pessoas.

 

Pois então vinha eu a pensar no que realmente me faz gostar de ser quem sou, e veio-me logo à mente: gosto de mim no conjunto. Sou uma pessoa equilibrada, racional, sentimental, amiga, sincera, honesta, dedicada aos meus, atenciosa, presente como amiga, filha, amante. Sou independente para o bem ou para o mal, não dependo de mais ninguém desde que acabei o meu Mestrado, e independente enquanto pessoa para tomar as minhas próprias decisões desde que tenho 16 anos. Sou uma mulher crescidinha, sou dona do meu nariz, e tenho imenso orgulho de o ser. Vim parar ao fim do mundo da China, nem todos os dias são rosas, mas não me queixo nem me vitimizo, nem quebrarei (espero), adoro a força do meu caractér e considero-me uma pessoa resiliente. Adoro os meus amigos, já sei que nunca me vão faltar, poucos mas bons (aliás de ouro) e quero ser para eles o que eles são para mim, constante e sempre presente. Tenho noção que sou boa amiga, esforço-me por isso, mas disso melhor eles para falarem.

Sou uma pessoa bastante discreta e privada, mas também sei estar com os outros, acho-me divertida, interessante, inteligente, energética, sarcástica (no bom sentido) e com um excelente sentido de humor (negro por vezes). Gosto da mim e da minha privacidade e intimidade. Muitas vezes isso implica solidão mas eu lido bem com ela, não tenho medo dela, ela dá-me maturidade e sobriedade, dá-me intensidade e saber.

 

Gosto de mim, cada vez mais, cada vez mais madura, mais capaz, mais multidisciplinar, cada vez mais forte. E, sem dúvida, cada vez mais mulher.

E adoro a mulher que há em mim. Um dia ela será a mulher perfeita, a mulher dos meus sonhos. Por tudo isto, e por mais alguma coisa -> Adoro-me!

 

 

Sou bonita por dentro e por fora! Ter consciência disso é, somente, a melhor do mundo. N'est ce pas? que " Se eu não gostar de mim, quem gostará?".

 

 nota: e não, não ando a ler livros de auto-ajuda, nem penso vir a ler. Tão pra quê!? quando virar-mo-nos para nós mesmas leva 2 segundos e revitaliza corpo e alma (e nem sequer é preciso beber Red Bull)!

 

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Solteirice

por mandarina, em 01.12.11

Se há coisa que não me tira o sono é o facto de ser solteira, quem sabe eternamente solteira! Na minha vida tem sido um estado constante e tenho muita coisa que me preocupa, a saúde dos que amo, a minha futura profissão, a minha futura vida enquanto cidadã de um país que me faz sentir feliz e infeliz ao mesmo tempo, ou a dúvida persistente se engrossar a lista de expatriados é ou não aquilo que quero para mim. Há tanta mas tanta coisa que me preocupa, preferia que assim não o fosse, mas há mesmo muita, faz parte da vida adulta.

 

As crianças não sabem a sorte que têm de poder viver uma vida desafogada de constantes inquietudes. Mas lá está, faz parte. Mas se há coisa que não me preocupa e até aqui nunca preocupou, essa coisa é mesmo a minha solteirice. Talvez por ter passado mais de metade da minha vida adulta solteira. Talvez por isso mesmo não penso como muitas pessoas que quando se vêem nessa situação, "ai que desastre" !!!

 

Lembro-me muitas vezes porque sou solteira e talvez porque continuarei a sê-lo. Não têm aparecido as pessoas certas e isso é o quanto basta para continuar a sê-lo!!!Aquela velha máxima, "mais vale só que mal acompanhada" faz muito sentido na minha vida. Para muitas pessoas que conheço isso é quase o fim do mundo, "ai passar meses a fio sozinha, anos a fio sem namorado, que horror". Não vejo assim, sim é bom estarmos com alguém quando achamos ter encontrado alguém com quem valha a pena estar, mas não "estar por estar". Estar por estar não faz absolutamente sentido nenhum na minha cabeça. Por isso, prefiro não estar. Que a solidão neste campo não me assusta (bom espero que daqui a uns anos o discurso não mude e me torne numa desesperada por alguém) ahah!

 

Gozo bem a minha solteirice, sou livre para fazer o que me der na gana, não ando a coleccionar namorados nem amigos coloridos, não acho que o tenha de fazer. Nada contra quem o faz, cada qual com as suas ideias.

Simplesmente acho que a felicidade não deriva necessariamente de estar com alguém, não quando não acreditamos nisso verdadeiramente! E mesmo quando se acredita nem sempre corresponde à verdade.

 

Acho simplesmente que não fui feita para relações, e cada vez que ponho os olhos na herança feminina da minha família penso sempre "pois mais vale sozinha e descomplicada, do que acompanhada e enfastiada".

Se há coisa que me tira o sono é vir a tornar-me fria, melindrosa e insensível nestas coisas do amor. De tudo o que mais me assusta é isso, porque a idade é tramada e rouba-nos a ingenuidade dos olhos, o que não é necessariamente bom, significa adoptar uma atitude defensiva e desconfiada. Também receio que a idade me torne numa daquelas desesperadas por ter alguém, era um desenlace mesmo triste. Faço uma imagem muito infeliz das mulheres que não sabem apreciar a sua solterice e andam numa roda viva para sacar um coelho da cartola!!!

 

Acho a maior das piadas quando a minha avozinha me diz: "mas alguém te quer!?" ela diz num sentido ternurento e na brincadeira, claro, mas eu acho o máximo. Passe o tempo que passar esta frase é e será uma das mais marcantes na minha vida. No sentido positivo:)

 

Acedito piamente, que estar bem comigo mesma implica saber estar com ou sem outro(s), implica saber quem sou e amar-me pelo que sou.

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