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As aventuras (e desventuras) de uma lusitana em terras do Oriente
Devia ser o meu nome do meio.
Dou por mim a querer, sempre, fazer parte de outro universo. Quando vivia no meu país não queria viver ali, achava que era pequeno demais para aquilo que queria conhecer, aos meus olhos era um horizonte muito limitado, era um meio que não me deixava espaço para crescer. Quando saí desse meio, saí do meu mundo, vim conhecer outro e dei por mim a querer voltar, porque aquela cidade não era a minha, aquela gente não era a minha gente, vivi 6 meses inadaptada. Voltei ao meu país e senti-me deslocada, senti-me grande demais para um espaço agora ainda mais pequeno e, onde julgo, ter perdido o meu lugar.
Hoje não sinto que me sinta mais deste sítio que de qualquer outro, não pertenço aqui, não me encontro nestas ruas, nas maneiras desta gente, nos olhares que nos perseguem porque somos diferentes, não me revejo neste dia-a-dia, não me acho neste quotidiano desconectado de sentido. Mas, talvez se assim não fosse, saberia que tinha chegado ao sítio que um dia será um pouco meu. Este sei que não o será, mas o meu olhar perde-se num futuro que ainda não existe. E a inadaptação faz-nos viver uma vida com os olhos postos no futuro, incerto e indefinido.
A inadaptação é o meu nome do meio, certamente, e eu contra ela nada posso, nunca pude, sempre fui inadaptada desde que me vejo como gente, inadaptada dentro do meu círculo familiar, inadaptada entre o meu grupo de colegas, inadaptada em todos os grupos que participei, inadaptada nos caminhos que a vida escolheu para mim. Não é um cenário triste ser inadaptada, não enquanto não perder a esperança que um dia vou encontrar o meu lugar algures por aí. Porque enquanto sonho, e enquanto sinto esperança faço por mudar, ainda que, isso signifique sempre partir, uma vez mais.
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