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As aventuras (e desventuras) de uma lusitana em terras do Oriente
Porque acordar a um sábado ou a um domingo com o barulho infernal das criancinhas que vivem neste piso me transtorna de uma maneira quase irracional, e infelizmente, às vezes esqueço-me que elas são crianças e só me apetece lhes mandar um berro e dizer para se calarem, para pararem de gritar, guinchar, espernear, e tudo o que elas durante toda a manhã, tarde e noite fazem, todos os dias, todas as horas sem interrupção.
E depois juro que penso e repenso, mas são crianças e foram confinadas a viver uma infância bastante diferente da minha, estão confinadas a um quarto igual ao meu, que deveria ser isso mesmo, um quarto para, no máximo, viverem duas pessoas, não uma família inteira de 4 ou mais pessoas. Não que tenha conhecimento se elas já viviam ou não em comunidade nos países delas (Iemén, Arábia Sáudita e países que tal ). E, que escolha têm elas senão usarem o corredor, visto que têm 5 ou 6 anos, para darem asas à imaginação e energia.
Quando olho para elas penso invariavelmente "oh que anjinhos, fofinhos, pequeninos" mas depois quando os oiço a andar de patins, de bicicleta ou de trotinete para trás e para a frente no corredor perco logo a boa disposição. Isso e quando faz parte da brincadeira bater à minha porta só porque sim, e quando querem entrar nos quartos deles batem incessantemente nas portas, como se a quisessem deitar abaixo, e os encontrões que dão contra a minha porta quando andam nos patins...
Ah, já sei que toda a gente neste dormitório tem sempre uma queixa qualquer dos vizinhos e até dos colegas de quarto, (já soube que uma vietnamita andou ao estalo e até, vejam bem, mordeu na roommate russa). Eu a ouvir histórias destas só posso sentir-me uma grande sortuda, ninguém está a invadir o meu espaço e a minha privacidade é algo sagrado, e, está, felizmente intacta por 300RMB por mês. Mas estas pobres criancinhas que choram, gritam, esmurram portas, que não param um segundo quietas, estão a dar cabo da minha sanidade mental, mesmo...
O silêncio e a paz são, onde vivo, (quase) tudo para mim, e aqui simplesmente é barulho e barulho constante. Acho que a minha sorte ainda é não passar assim tanto tempo no quarto e não consigo passar menos porque estudar ocupa-me a maior parte do meu tempo.
Das duas uma: ou saio daqui maluquinha de todo (já não sou muito sã) ou então acostumo-me a esta chinfrineira constante.
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