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As aventuras (e desventuras) de uma lusitana em terras do Oriente
Vives num país comunista quando:
p.s.: Com a VPN da UA sem dar sinais de vida, não tenho acedido ao facebook nem youtube, nem blogspots, etc pelo que teria de pagar para fazê-lo, comprando uma freegate, mas sinceramente acho que não merece a pena, pelo menos por enquanto, não me esqueci de ninguém que importa e sei que esses tem notícias de mim aqui e em tempo real quase todos os dias.
Esta semana digamos que foi, por assim dizer, intensa, e estava difícil chegar ao fim, ontem, na segunda e última aula da semana, começou-me a falhar a voz que, a brincar a brincar, passei uma semana a esforçar a voz. Isto porque ter aulas com salas à pinha, 40 alunos ou mais e fazer por me ouvir é dose. Mas o balanço é super positivo, talvez não para as minhas cordas vocais, mas certamente pelo bom feedback que tenho recebido dos alunos.
Não vou dizer que é fácil manter 40 alminhas concentradas por 1h30, mas, no geral, tenho conseguido mantê-los com a cabeça na aula e não nas nuvens.
Os do 2.º ano, esses penso que serão o meu grande desafio, isto porque dizem que não entendem quando falo, mesmo coisas simples, isto porque tenho um sotaque muito diferente da outra colega portuguesa que já os acompanha desde o 1.ºano. Disse-lhes, tal como ela, que é normal termos sotaques diferentes visto eu ser da zona Centro e ela da zona Norte, tal como Pequim e Shanghai têm sotaques diferentes, nós também.
Penso ser uma questão de tempo até os ouvidos deles se acostumarem ao meu sotaque, que entre as 4 professoras, é, sem dúvida alguma, o mais fechado de todos. O brasileiro abertíssimo, o angolano mais suave também, e o do Norte menos cerrado que o meu, mas bom não há-de ser nada.
Agora é tempo de descansar a voz, preparar as aulas, pelo meio ir a Hong Kong e Macau tratar das formalidades, mudar o voo de regresso para Portugal, estar com os amigos e conciliar o sono.
Quanto às aulas de chinês oferecidas pela escola parece que começam a sério depois das férias, e as aulas privadas de chinês (em casa) serão uma espécie de intercâmbio com uma aluna do 3.º ano, que não é minha aluna, e que me ajudará com o chinês e eu ajudá-la-ei com o português. Uma mão lava a outra.
Por agora e como não páro de receber mensagens dos alunos pelo telemóvel e via QQ (MSN chinês) desejo a todos um 中秋节快乐 (Feliz Festival de Outono)
É sexta-feira e amanhã trabalha-se mas já entrei no espírito de fim-de-semana e férias! Vamos todos beber umas cervejinhas e comer bolos da lua (moon cake) e ver a tão aguardada lua cheia (como se fosse possível ver a lua em alguma cidade da China com toda a poluição a barrar o céu).
Bom fim-de-semana (zhoumo kuaile)
Dizem sempre que ao terceiro é de vez e foi mesmo. Passei-me dos carretes às 8h da matina de hoje, mais exactamente às 8h15, tendo em conta que tinha a 1ra aula da manhã às 8h10. É que aqui nesta instituição chegar atrasado dá penalização de 700 yuan, tipo 80€, oh yeah. Logo eu uma pessoa, portuguesa por assim dizer, não chega nem 15, nem 10 minutos antes da aula começar, quando muito chego 5 minutos que é o tempo de ir buscar as chaves à sala das chaves e ir, com tempo, para a aula descansada da vida. Que foi o que fiz hoje, tendo só tido como problema deparar-me com a já mais que conhecida incompetência chinesa de gente que passa o horário de trabalho ou no QQ (msn chinês) ou a ver filmes.
Pergunto onde está a chave, ao incompetente dum raio, ele "não é preciso chave" e eu "tem a certeza?" e ele "sim", tudo em chinês claro e não foi problema do meu mau chinês, lá vou eu, já mais que desconfiada para a sala, chego porta fechada, alunos à espera, os alunos chineses gostam de chegar tipo cedo, eu sou a professora, pois que esperem até à hora da aula e não antes. Porta fechada, volto a correr ter com o fil#o da p#ta que me disse não ser precisa chave. Logo enervada, começo aos berros, liga para outro, e diz-me, "já tá aberta", eu enervada lá vou, à frente chego primeiro, um palhaço vem nas calmas com a chave, grito-lhe "rápido, rápido" e lá se decide a correr, lá vem o paspalho abrir a porta, depois aparece uma segunda paspalha, ao que eu lhes grito, "podem ir agora, saiam daqui" tal a minha carrada de nervos. E saíram, se não saissem juro que não começava a aula, não com eles nela, em pé, no fundo da sala, a dizer m#rda e a distraírem os meus alunos.
Isto correu foi bem, para a próxima arranco-lhes os olhos a estes incompetentes duma figa (para não chamar nomes bem piores).
No que eu me torno, Deus meu, os chineses, os incompetentes, provocam em mim uma fúria que eu julgava não possuir.
E isto é só o início de um longo ano de convivência com aqueles pseudo trabalhadores/porteiros/seguranças. Só ainda agora começou, pior para eles que eu sou um osso duro de roer. Logo aprenderão.
Boa é pouco, é super boa, amo amo amo, mas continuo sem VPN por isso oiçam no youtube chino.
Amo esta mulher, e esta letra então dá-me arrepios
"Where there is desire
There is gonna be a flame
Where there is a flame
Someone's bound to get burned"
Perdoem-me a parvoíce mas estou comidinha dos miolos, até entrar no ritmo vou andar assim. E sábado trabalhamos de manhã, que bom!NOT mas depois uma semaninha de papo para o ar, oh yeah...
Querem saber duma gira, umas alunas queriam adoptar nomes como estes: Anjo (uma gaja), Vila, Elegância, e eu "ah claro" que não deixei, isto aqui não é a casa da Maria. Não há cá nomes estúpidos, isso fica para os alunos de espanhol, um queria chamar-se "cosa" , coisa portanto. São de espanhol coitados!
Aluno meu não se chama coisa parvas, têm aqui a laoshi (professora) para lhes arranjar nomes supimpas tipo, e não estou a gozar, Zumira, Ofélia, Ondira, Anastásia,Gertrudes entre outros também jeitosinhos.
Outra, hoje outra vez pergunta da praxe, "professora tem namorado?" eu "não", e eles "o Rui também não" (um dos alunos) e eu "pois claro" e eles "a professora não percebeu?". Façam-me de burra façam, não aconselho mas bom.
...
"Funny how the heart can be deceiving
More than just a couple times
Why do we fall in love so easy
Even when it's not right"
p.s.: E não, não estou apaixonada, mas só por causa desta música gostava de estar. Mas uma paixão boa, só para variar.
Amanhã ensino aos alunos uma palavra nova: afónica. Que vai ser tal e qual vou estar. Depois de 6 horas a falar a alto e bom som para duas turmas de mais de 40 alunos, e uma de 35 só vos digo uma coisa, mudei a minha opinião quanto ao microfone. Venha de lá o microfone.
Correu bem, muito bem aliás, tirando a parte do "L" em tudo o que é "Olá", "Ali", "Ele" etc. Eles repetem o que digo logo, devido à minha deficiência com o L que não consigo ler bem, eles acabam a dizer (como eu) Oua, Aui, Eue. E eu só me apetece levar as mãos ao céu. Mas bom vou ver como resolver isto com terapia da fala, já me disseram que fico impecável depois de um mês de exercícios.
Alunos que nunca mais acabam, e eu amanhã sem fala, não sei se quero ver isto. Digamos que ter ido comer aoBBQ de rua onde se respira, engole, leva com picante por tudo o que é sítio, olhos, garganta, e ainda beber cerveja fria também não terá ajudado ao cenário que já se adivinhava crítico. Mais defender Portugal perante os nuestros hermanos, tarefa árdua.
6 horas a falar dói, muito, mesmo que seja a ensinar o abecedário e pouco mais. Mas tem sido supergiro, são turmas muito grandes o que é mau, péssimo, horrível, mas visto que é assim e não será de outra maneira terei de ter estratégias para pouco a pouco os fazer falar a todos, isto porque as minhas aulas são todas de Oralidade. Falar, falar, falar, falar, e se falo só eu, não falo no dia seguinte.
Mais, conheci a nova professora de português que é chinesa mas viveu 3 anos em Angola. Simpática, até convidou (convidar na China é pagar) as portuguesas (as nativas) para almoçar. Muito simpática, diz que tenho de retribuir com um jantar de bacalhau. Assim seja.
Único problema do dia, uma professora chinesa fala com sotaque brasileiro, a outra com sotaque angolano, e nós (as nativas) com sotaque português de Portugal. Isto tudo deixa os alunos baralhados, pois tá claro. E estudante chinês que é verdadeiro estudante é queixinhas, por demais, logo foram queixar-se à professora principal "ai professora que não entendo", "ai professora que falam tão diferente", "ai isto e ai aquilo".
Conclusão vem a professora, a chinesa, pedir-me para que fale de forma mais aberta. E eu não sei se rie ou chore, então eu que falo português standard tenho de começar a falar português com sotaque angolano ou brasileiro. Façam-me rir. Não vou mudar uma vírgula do meu português standard, não por arrogância mas porque a entender têm de entender todos os tipos de português, sensibilizar bem aqueles ouvidinhos para quer seja português angolano, brasileiro ou o de Portugal.
E foi mais ou menos assim, mais muitas outras coisas o meu segundo dia como professora de português, e não como hoje me disse uma aluna, de brasileiro. Disse-lhes logo, ò aves raras (por outras palavras, claro) entendam bem que brasileiro não existe. Imperdoável isto ter saído da boca de uma aluna do 2º ano. Brasileiro o C#ra###! Ai que até me fazem dizer asneiras, a mim pessoa por tão bem educada...
E que dia, ainda para mais quente e húmido que já não bastava ter de subir logo de manhã mil e duzentas escadas ainda tive de levar com este tempo abafado que me deixou literalmente ensopada logo na primeira aula da manhã. Entrada em grande portanto.
Mas tirando isso e desconfiar que chego ao final desta semana sem voz, correu tudo super bem, aliás até estou bastante admirada como correu tudo tão bem e sem espinhas.
Primeira aula, logo pelas 8h da manhã, que é para começar o dia em beleza, os alunos estavam claro todos excitados, alunos do 2.º ano com professora nova é festa na certa. E assim foi, muita animação logo a começar o dia, a aula foi comigo a falar mas "devagarinho professora" e com eles a palrearem no português que ainda mal dominam. Apresentações do género, nome, idade, origem, e claro a pergunta da praxe "porque estudas português?". Os nomes todos muito portugueses, a Sara, a Carina, a Ana, a Lara, a Inês, a Sónia, a ... e já não sei muitos mais. E claro os rapazes, tão poucos que mal se notariam no meio de tanta rapariga, não fosse pelo facto de serem uns verdadeiros engraçadinhos. Um escreveu no papel com o seu nome "Olá sou o Gil, tenho 19 anos e sou solteiro". Saídos da casca são eles. As respostas à pergunta do porquê estudarem português era quase sempre a mesma, "Quero ganhar muito dinheiro", perguntei a fazer o quê, "Tradução". Esperemos que sim.
Para o final da aula já não sabia bem o que haveria de dizer, isto porque depois de os ter posto a fazer um diálogo duma suposta ida ao médico fiquei sem tema, afinal 90 min. dá que falar.
Segunda aula, das 10h ao 12h, naquela hora que uma pessoa começa a perder a pica matinal, hora da turma mais que gigante, acho que não cabia nem mais um alfinete na sala, 1º ano, mais de 40 alunos, não muito barulhentos, ou pelo menos não hoje, porque senão não sei como me vou fazer ouvir. Ficaram um pouco assustados, porque tentei falar o mais possível português, intercalado com inglês e algum chinês, mas, no geral, a aula correu muito bem, com eles bastante interessados em repetir tudo o que eu dizia.
Vão ser aulas intensas estas do 1.º ano com 3 turmas e todas com mais de 40 alunos. Rouca no final da semana até aposto. Isso ou uso o microfone, coisa que detesto, a voz soa muito artificial.
Resumindo, correu bem, agora em todo o lado, é Olá Professora, Olá Olá olá .... tantos Olás e eu pobre de mim nem me lembro delas das aulas.
A não ser de uma aluna de 2.º ano com a qual ainda nem sequer tive aula e ela já me raptou hoje para almoçar com ela e com os amigos dela. Quer ser a minha melhor amiga, diz que me leva a conhecer a cidade, a subir a montanha daqui, a isto e aquilo, que me ensina chinês, que me visita em casa, etc. E vai lá saber que a miúda gira e extrovertida e que fala pelos cotovelos e em português, dá pelo nome Sílvia. Assim de repente fez-me lembrar alguém :=)
Bom agora já chega de testamento.
Foi resumidamente isto o meu dia, isto e mais uma aula de chinês dos diabos. Aprender a escrever os caracteres pelo sentido de escrita correcto. Credo, coisa impossível.
p.s.: já descobri o meu tique a ensinar, acabo todas as frases com "ok?" e os do 2ºano até brincaram com isso, a responderem sempre "ok"! Hilário
Muita coisa a acontecer ao mesmo tempo nesta ainda confusa nova vida, mas entretanto entro na rotina, as aulas, o acordar cedo, o ritmo dos dias, dos toques de entrada e saída, o horário, tudo acabara por começar a fazer sentido.
Amanhã ultimo dia de ferias, isto porque o meu fim-de-semana conta com três dias, começo a semana de trabalho as terças, o que me da tempo para alem de dar aulas de português, poder retomar aulas de chinês. Haja vontade, algum jogo de cintura e especialmente organização (o meu tendão de Aquiles).
Por agora e aproveitar para por ideias em ordem, para planear esta primeira semana que só vai dar mesmo para conhecer as turmas que me calharam na rifa, os cantos a casa, e pouco mais, porque para a próxima semana e de ferias devido ao feriado nacional, e e tempo de ir visitar uma amiga a quem devo uma visita há séculos.
Hoje pensar que estou aqui para ser professora de uma língua estrangeira a alunos chineses dá-me alguma vontade de rir, não por achar ridículo, mas porque ate há pouco tempo não me via neste papel e agora, rodeada de verdadeiros professores, que muito falam da vida de professor, e verdadeiramente uma grande reviravolta. Estou contente por ter tomado esta decisão, por nãoter ficado na minha zona de conforto, no fundo à espera de um quase milagre que não via acontecer do dia para a noite.
Preferi arriscar, ver para crer, porque a mim sempre me ensinaram, quem não arrisca não petisca, e ate agora só posso dizer que esta a correr muitíssimo bem, sinto-me bem aqui, a casa já parece uma verdadeira casa, os colegas verdadeiros amigos de profissão, de conversa e de muita farra. De vida como se quer.
Então também, por isso, não me posso sentir senão uma verdadeira sortuda pelo que me calhou na rifa, esta vinha recheada de uma vida nova, num sitio novo, com gente nova e divertida, num ambiente universitário e fervilhante. Estão reunidos os elementos para uma combinação no mínimo explosiva, no bom sentido.
p.s.: no "ainda" teclado sem acentos
p.s.: "muinta" como se diz, e não como se escreve
Não passam mesmo só disto, e tanto podem ser só um ponto de vista, o meu vá.
Nunca conheci povo mais barulhento na vida que os chineses, eles gritam, eles berram, eles gesticulam, das 6h da matina à meia-noite. Elas então, autênticas galinhas, talvez não ajude viver num bairro de estudantes, só gajedo. Residências universitáriasfemininas entenda-se. Depois também há aquelas que mal se ouvem de tão baixo que falam.
Os chineses, os que esbanjam dinheiro, têm gostos muito excêntricos que incluem coisas estranhas como convidar um grupo de estrangeiros para jantar fora e ainda lhes pagar (e bem) por isso no final. E para optimizar o cenário ainda resta dizer, que o senhor (podre de rico certamente) mas igualmente ignorante no que a línguas estrangeiras diz respeito não sabia sequer o suficiente para manter uma conversa. Já tinha ouvido muita coisa, desde participações fantoches de estrangeiros em eventos de marcas, feiras e outros eventos para promover a suposta imagem e popularidade das marcas e/ou eventos, agora um chinês pagar para jantar com estrangeiros foi novidade para mim.
Um dia conto mais destas peripécias a que muitos estrangeiros se prestam (nada contra) para fazer uns bons trocos e ainda gozar com tamanhas excentricidades chinesas.
O dinheiro paga mesmo (quase) tudo.
Higiene, oi??quê? desconhece-se essa palavra na maior parte da China, lixo everywhere, lixeiras a céu aberto inclusive em bairros residenciais, lixo a arder nas ruas, lixo a abarrotar em tudo o que é canto. Nem sequer vou falar de higiene alimentar, noção ainda mais desconhecida em terras chinesas, mas a verdade é que já estive mais longe de me tornar vegetariana, primeiro deixei de comer carne de vaca (sabia-me mal), depois carne de porco e agora é a carne de galinha que tem causado nojo. Eu, uma carnívora confessa, a ponderar tornar-me vegetariana, peixe também, a não ser do rio, não abunda por estas bandas. Caso para admitir que o cenário é grave.
E quem gostar de comida chinesa tipo noddles, muito cuidado com (não comer) coisas instantâneas, tipo noddles, sopas, carne embalada, comida embalada e artificial no geral, aquilo faz mal e mata, a quantidade de químicos que aquilo leva é coisa para dar cabo do sistema digestivo de qualquer um. Em Portugal também para quem não sabe (ex.: massas e sopas instantâneas, entre outras porcarias do género).
Esta senhora e a sua voz chegou até mim por acaso, quando, já cansada de lutar contra o sono que teimava em não vir, andava em busca de boa musica, isto depois de talvez de mais de 20 horas de viagem comigo a percorrer o player super interessante e completo da Emirates Airlines. Eis que me deparei com a banda de Grace Potter and the Nocturnals ou (GPN) se acharem a denominação comprida demais.
Ainda só ouvi 4 músicas do novo album, visto que o YouTube está censurado neste computador, mas Grace Potter (que além de ser linda de morrer) presenteia-nos este ano com o seu novo álbum intitulado de The Lion The Beast The Beat que está só para lá de bom.
Stars é um dos singles sensação deste álbum.
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