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maturidade

por mandarina, em 31.05.12

Estou tão crescida que nem me reconheço, agora já me sei controlar e guardar todas as minhas opiniões, julgamentos, pareceres, ódiozinhos, escárnios, razões, merdas e afins para mim. Deixei de ser intempestiva por tudo e por nada, agora expludo comigo mesma, depois é esperar, dar tempo ao tempo que passa, isso ou venho aqui despejar as minhas frustrações. Tem dias. Perdonai-me por isso, vocês, leitores queridos, não tem culpa dos outros serem assholes (Rita em homenagem ao teu aluno arisco)

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da previsibilidade

por mandarina, em 31.05.12

Hoje mal entrei no jardim-escola foi recebida pelo meu boss com um sorriso de orelha a orelha, muito simpático, muitas desculpas por não ter enviado o material da aula mais cedo, mais explicações e relato da noite dele e o quão forte é a beber uns copos, fazer misturas mas sempre a manter a sobriedade, tirando no último jantar que ofereceu à malta. Até teve piada ver o boss com os copos, muito pacífico mas com a sua piada, até elogiou os meus sapatos, e perguntou se tinha comprado na China, disse que comprei 在我的国家 (zài wǒ de guójiā) no meu país, Portugal, mas que tinham sido fabricados na China. Respondeu "eu logo vi".

Há alertar quem me lê que aqui, no reino da China, ir para os copos com o boss é do mais curriqueiro que há, é um ritual que promove o guanxi e quem beber mais, melhor figura faz e, diga-se de passagem, aguentar também. Fortalece a relação entre patrão e subordinados, e diz também que ajuda a melhorar o ambiente de trabalho quando surgem tensões, isso ou se está para fechar um negócio. Éste pequeno apontamento cultural não vos faz mal nenhum.

 

Pois hoje estava extremamente simpático, é normalmente simpático, mas hoje já sabia que havia gato. No final "are you free on tuesdays?" "tás livre às terças?" e eu "sim, porquê?". Conclusão, a colega despediu-se e eu volto a trabalhar às terças, e ele precisa de mim. Que bem. Significa mais trabalho, cansaço, mas também dinheiro. Faz falta. E vai ser a minha despedida dos pequerruchos.

 

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há um momento

por mandarina, em 31.05.12

em que caís na real, em que se faz silêncio na tua cabeça e coração, em que simplesmente não tens mais a declarar e te sentes livre de uma vez por todas do passado. Passou o tempo de me manifestar, e a vontade, não lamento nada do que aconteceu, aconteceu por uma razão, tudo acontece por alguma razão, aquela história também, se podia ter sido diferente, não creio que pudesse ter sido, nem o início, nem meio nem sequer o fim. Creio sim e com a mais profunda das convicções nisto:

Na verdade, o que chamamos "rejeição" é a forma que o universo encontrou para nos levar a largar alguma coisa da qual precisamos libertar-nos, mostrando-nos frequentemente como nos poderemos estar a rejeitar a nós mesmos durante o processo.

(lido aqui, e sentido na primeira pessoa)

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Não tem problema não

por mandarina, em 30.05.12

Há uma música que não esta que diz "não tem mal sentir medo todos sentimos em algum momento da vida".

Hoje tenho os meus medos, mas é como o Caetano canta "amanhã será um novo dia, certamente eu vou ser mais feliz".

Hoje é só medo de ir para a cama e ter pesadelos, não tou com paciência para esses sacanas. E tenho a sensação que d'ontem para hoje dormi 24 horas! Mas já chega por hoje também...

 

O Caetano (en)canta-me:

 

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príncipe da pérsia

por mandarina, em 30.05.12

Pois é o meu eye candy diário anda desaparecido, viu-o última vez semana passada e, de repente, como por magia evaporou-se no ar. Foi sabe-se lá para onde e ainda teve o desplante de nem se despedir de mim. E ainda para mais logo na altura que eu já tinha ganho coragem para me dirigir a ele, tal qual cena parva de um filme Hollywoodesco, e declarar o meu estupidificado estado de enamoramento juvenil, e ele, claro, ia dizer que sentia o mesmo e depois levava-me lá não sei para onde, uma das Arábias e éramos felizes por toda a eternidade. (GARGALHADA sonora)

 

Cá para mim foi a maneira que o universo arranjou para me salvar de levar uma tampa descomunal, poupar-me à vergonha colectiva e impedir-me de ser alvo de chacota pública. Obrigada universo, foste muito porreiro para mim. Mas sinceramente, universo, é estúpido eu sei mas ainda nutro a esperança que mo tragas de volta, ainda que não pense declarar-me coisa nenhuma, que ainda me diz que está prometido a alguma moçoila no reino da Pérsia, que é gay, ou pior ainda, virgem. Cruzes credo canhoto.

 

Mas bom, platónica ou não esta minha paixoneta, a verdade é que este sítio era bem mais giro com ele a pavonear-se por aqui e acolá. E a seguir-me, e a provocar-me e... mais não conto.

Príncipe da Pérsia volta rápido, cê tá perdoado, se fores mais novo que eu, não faz mal, eu dou-te o desconto por seres o príncipe da Pérsia.

 

{nota de rotapé: este post não é de maneira alguma para ser levado demasiado a sério, nem demasiado a brincar, aliás a vida, a minha e a vossa também não, não se levem demasiado a sério é só o que vos peço, tomem-no como um conselho de amiga}

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a sério?

por mandarina, em 30.05.12

Ontem a falar com a minha mãe ao telefone e a dizer que estou super curiosa e feliz, ao mesmo tempo, por poder assistir ao casamento de uma amiga da minha idade a casar a minha mãe deixou-me de queixo caído. Citando-a "pois 25 anos tá mais do que na idade de casar". E eu quê? Acho que não ouvi bem, há tipo uma idade limite para casar, ou uma idade certa? Mãe, ai mãe, as pessoas casam quando sentem que está na hora deles de casar, não porque estejam na idade de casar.

 

Olha então aviso-te já que, nesta matéria, estamos mal que este ano faço 25 anos e não tenho casamento marcado, ah pera, nem isso nem noivo, nem namorado, nem potenciais candidatos em vista. E por este andar também já não tenho filhos antes dos 30 anos. Ui grave, aliás no entender da minha mãe gravíssimo.

Poupa a tua filhota, plz...

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meio de escape

por mandarina, em 30.05.12

O meu tem sido a leitura, que ando maluca com estas aulas que nunca mais acabam já lá vão 4 meses consecutivos, e por completar. Agarrei-me à leitura como uma tábua de salvação. Li primeiro Milan Kundera, Jorge Amado, seguido de Mario Vargas Llosa, e, por último, Haruki Murakami.

Agora passei a A Heartbreaking work of Staggering Genius, de um americano finalista do prémio Pullitzer (ano 2000), de nome Dave Eggers (?). Logo à partida, não fui com o título, títulos longos de livros não são apelativos. Mas bom pensei, à falta de melhor, why not. E ontem eram 9h30 e estava com tanto sono, estava a ler, e tive de me ir deitar passado 10 minutos. Não que o livro ou a escrita seja enfadonha, que não é, é um pouco estranha, não ser sequer classificar melhor, mas o pior é que o livro me provoca náuseas e desconforto. Supostamente isto até seria bom, um livro com um poder tão grande que provoque no leitor emoções é um livro com valor, não é isso que também dizem de arte, quadros, esculturas, cinema etc que se te transtornarem é porque é são verdadeiramente bons. Eu concordo com esta teoria.

Mas a verdade é que ao ler este livro fico mesmo enojada e incomodada de uma maneira pouco agradável. O livro debruça-se sobre uma mãe com cancro e o sofrimento e transtorno que isso provoca na vida dos seus filhos que se vêem a mãos com todas as consequências físicas que o cancro inflige à pobre criatura. As discrições são tão minuciosas que o leitor consegue transpor-se para a cena descrita e viver aquilo tudo como se fosse real. E believe me, não é agradável, é assustador, é como ter a morte todos os dias a rondar, tipo sarna que se pega ao corpo e não desgruda. E eu até acho que o livro está muito bem conseguido, mas eu não tenho estômago. É não só deprimente, e arrepiante e humanamente cruel. Quase doentio. Nem sei.

 

Dou por mim a suspirar de saudades pelo norwegian wood de Murakami. Já não lia nada tão bom há muito, talvez por me identificar imenso com o personagem principal, com as miúdas do livro não. Mas com o rapaz é uma identificação quase por completo.

Volta Toru e fica a contar-me da tua vida eternamente.

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(des)educação

por mandarina, em 30.05.12

Já me cansei de falar de algo que já devem estar fartos de ler (aqueles que me seguem desde o início vá) e, por isso, já nem gosto de tocar no assunto para não me tornar repetitiva. Já quase nem me chateio muito com isso, entre nós, os da turma, correm comentários diários sobre a falta de qualidade, interesse ou motivação para continuar a ir religiosamente às aulas, principalmente as da cadeira principal, Gramática. As outras ou eu estou vacinada ou já acho que são bem aceitáveis.

 

Mas porque, lá está a prof. principal é preguiçosa e não prepara as aulas incumbe os alunos de fazê-lo, com apresentações de power point que supostamente explicam as regras de gramática sobre a matéria que andamos a aprender. Conclusão: dupla seca e mau ensino. Caso para dizer, sai pior a emenda que o soneto, porque uma coisa é ter uma professora preguiçosa a ensinar gramática, o que já por si é mau, outra bem pior é ter alunos incapazes de explicar bem gramática e cometerem erros gramaticais atrozes para os quais a professora alerta mas estando o mal feito difícil corrigir, fica no ar só o mau ambiente. É mau, é muito mau meus amigos, e a culpa não é dos alunos, isso vos garanto. Que competências temos nós, alunos de nível ensino intermédio, para explicar casos complicados de gramática? Não temos.

 

Mas pior do que ser uma professora preguiçosa é ser uma professora de mente fechada. Tendo tido a oportunidade de preparar a apresentação com a minha professora privada fi-lo, pois tá claro, apresentei-a como ela ensinou. Então não é que a senhora professora embirrou com as frases e pôs defeito nas mesmas. Nada que me espante, uma vez que mente fechada e estratégia única de ensino é com os chineses mesmo. É assim e não assado, se for assim e nos respondermos assado está mal, ponto final.

Pois tá claro que eu não me fiquei e expliquei o meu ponto de vista, também por concordar com ele, com o sentido da frase. A professora só fez má figura, reiterando que a gramática das frases (que era o que pedia para explicar) estava 100% correcta, mas o significado das palavras não estava de acordo. Eu explico, não estava de acordo com a sua maneira de pensar, logo estava errado segundo ela.

Eu ainda estive para bater o pé, juro que sim, houve ali um momento, vai não vai, continuo não continuo, mas depois caí em mim e disse "valerá a pena, irá ela aperceber-se que o problema não está na frase mas sim na sua metodologia de ensino" pois não ia. Logo remeti-me ao meu lugar de aluna, disse ok e calei-me. Também porque sei o quão constrangedor para um prof. é ter um aluno a pôr em causa a validade do seu ensino.

 

Continuo a não perceber como é possível ser-se tão má professora, ser tão má, mas tão má, e ser responsável pela turma, uma turma que se salva porque mal a ouvimos e os alunos safam-se por si. Eu confesso que, sem problema algum, não fosse a minha prof. privada e a gramática me passava toda ao lado, só não passa por ela é uma professora exímia.

 

Mas vejam lá a ironia da coisa, a melhor professora que tive este ano é aquela a quem tenho de, felizmente modestamente, pagar. Não é isto ridículo?

E não julguem que sou picuinhas, nada disso, eu só quero fazer valer o meu tempo aqui, aprender com pés e cabeça.

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Método infalível

por mandarina, em 29.05.12

Acho que descobri um método de lidar com o cansaço. É simples: não pensar nele. Deixá-lo em paz a manifestar-se como bem queira, ele não vai desaparecer e não, mas quanto mais pensar nisso, mais ele piora, ou seja, agravo a sensação de cansaço quanto mais importância e atenção lhe dou.

Agora decidi ignorá-lo. Só receio o período final de exames, mas vou pensar no regresso a casa, o que decerto me dará alento e confiança para a recta final. Eu estirada na minha linda e maravilhosa praia, e na melhor das companhias possível, é toda a inspiração que preciso!

Sempre que me faltar a força de vontade é ir aqui buscar inspiração, à Nazaré dos meus amores:

photo by Ricardo Ferrolho via Instagram

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Bater perna*

por mandarina, em 28.05.12

Se há coisa que sinto falta é disso mesmo, bater perna, sair por aí pela cidade e andar, andar, andar até me fartar. Mas como fazer isto nesta cidade é o equivalente a levar com toda a poluição em cima, a do trânsito, a das pessoas, a do ruído, e ainda correr o risco de ser atropelada por um maluco (e eles são aos milhões o que aumenta as probabilidades disso acontecer) ou ser esmagada entre alguns dos 9 milhões que saem todos à rua, às vezes tenho a sensação que combinam sair sempre todos ao mesmo tempo, e a sensação de claustrofobia é gigante. Sinto-me impotente perante tanta gente, e ter de me desviar a cada dois segundos quer de pessoas, quer de motos e bicicletas que, inclusive, não respeitam os passeios dos peões e andam prali a apitar e a abrir caminho "na desbunda" como se nós, os peões, é que, feitos estúpidos, lhes andássemos a obstruir o caminho.

Isto aliado à inexistência de espaços verdes, espaços sossegados, espaços sem gente, espaços prazenteiros de estar, ir relaxar sossegadamente, respirar ar puro, parar por um bocado, esquecer a loucura da cidade, esquecer a loucura que é a China, e contemplar só e apenas a natureza e tirar prazer de um momento de calma é tipo uma miragem no deserto, um oásis por construir.

 

A Rita não me percebe, eu que me queixo a toda a hora da loucura e disparate que é esta cidade, a sensação de claustrofobia que sinto por viver nela, a sensação que tenho de me sentir a sufocar quando tento sair da Universidade para ir por aí, nem que seja, só ali à rua abaixo, ao supermercado mais próximo, ao shopping do lado. Ela não percebe e diz que é assim por toda a China, e eu até percebo que ela não perceba, porque nunca viveu noutra China, e de certa maneira, invejo-a, porque lá está, pelo menos não tem termo de comparação.

 

Eu tive a sorte ou o azar de viver em Shanghai, uma cidade gigante sim, poluída também, barulhenta e com trânsito infernal, sim tudo isso. Mas nunca antes, enquanto lá vivi, tive a sensação de ser esmagada assim, de me sentir sufocar, de me ver entalada entre as multidões. E agora que penso nisso, que saudades, quando palmilhava a cidade por onde me apetecesse, sempre com vontade de andar, de ir, de bater perna, de me perder nela, de ir mais longe, das ruas em que se podia andar, do espaço que nunca faltava, das noites de grandes caminhadas, dos parques, dos cafés, dos bares, dos quartiers, dos recantos cheios de encanto e, pasmem-se, do silêncio e calmaria.

 

Uma cidade que, além de oferecer espaços maravilhosos, oferecia também isso, a possibilidade de desfrutar de uns bons momentos em paz, com espaço, com calma, com tempo. Saudades desses caminhadas, dessa cidade, dessas noites que batia perna sem nunca parecer que isso me deixava cansada, que deixava mas de um modo bom, que deixava o corpo pesado, mas a cabeça leve.

 

É muito por causa disto que eu odeio esta cidade, porque andar nela me cansa, me envenena a cabeça e o corpo. É a vida em Wuhan no seu melhor.

 

*correcção: bater perna e não pé, bater pé é mesmo aqui, e não poucas vezes.

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