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Impiedoso, ele chegou!

por mandarina, em 30.11.11

O Inverno chegou por estas bandas. Faz frio, muito, não há sol, não há casacos nem botas que lhe valham, nem calor humano que resista. Porque lá fora estão quase 0 graus, vento, céu cinzento e pesado, mas melhor ainda é:

 

A NEVE (a)
 
Batem leve, levemente,
como quem chama por mim...
Será chuva? Será gente?
Gente não é, certamente
e a chuva não bate assim...
É talvez a ventania;
mas há pouco, há poucochinho,
nem uma agulha bulia
na quieta melancolia
dos pinheiros do caminho...
Quem bate, assim, levemente,
com tão estranha leveza,
que mal se ouve, mal se sente?
Não é chuva, nem é gente,
nem é vento, com certeza.
 
Fui ver. A neve caía
do azul cinzento do céu,
branca e leve, branca e fria...
Há quanto tempo a não via!
E que saudade, Deus meu!
Olho-a através da vidraça.
Pôs tudo da cor do linho.
Passa gente e, quando passa,
os passos imprime e traça
na brancura do caminho...
Fico olhando esses sinais
da pobre gente que avança,
e noto, por entre os mais,
os traços miniaturais
de uns pezitos de criança...
E descalcinhos, doridos...
a neve deixa inda vê-los,
primeiro, bem definidos,
- depois em sulcos compridos,
porque não podia erguê-los!...
 
Que quem já é pecador
sofra tormentos... enfim!
Mas as crianças, Senhor,
porque lhes dais tanta dor?!...
Porque padecem assim?!
 
E uma infinita tristeza,
uma funda turbação
entra em mim, fica em mim presa.
Cai neve na natureza...
– e cai no meu coração.
 
Augusto Gil - Luar de Janeiro, 1909
 

Já neva por estes lados, umas vezes passa a chuva, outras conseguimos ver mesmo flocos de neve. Que belo dia para relembrar esta poesia! Chá e bolachinhas, livros e música de preferência bem aconchegadinha e quentinha. Porque lá fora ela cai imponente, seja chuva seja neve. E o vento...enregela até os pensamentos.

 

Boa tarde & Boas leituras

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Se murió

por mandarina, em 30.11.11

O meu telemóvel morreu hoje, não sobreviveu às temperaturas extremas que se fazem sentir, aiiiiii gostava tanto dele, era velhinho e estava ultrapassado mas gostava mesmo muito dele, já lhe sabia as manias todas, é que eu nisto de tecnologia sou um bocado retrograda, gosto de coisas simples e funcionais. Que medo daqueles que tem tudo e mais alguma coisa, e primeiro que se descubra metade das funcionalidades leva uma eternidade.

 

Coitadinho, durou nestas mãos destrambelhadas quase 6 anos. Ainda não lhe diagnostiquei a causa da morte, pode até estar só em choque, mas oh já está tão cansado que mais vale comprar um novo.

A marca será Samsung, são os meus favoritos, a nível de design, sistema operativo, e funcionalidade e porque tive a melhor das experiências com este Samsung, por isso, acredito na marca. Espero que passados 6 anos não tenham pi(o)rado.

 

Pois então amanhã já "aluguei o tempo" do Mark, um amigo chinês, que me vai ajudar a comprar o dito cujo. É que sei como os chineses são tramados, e gostam de impingir preços exorbitantes por tecnologia que não vale nem metade do preço que propõem e depois há os espertalhões que nos tomam por burros e tentam vender produtos falsos.

Acho que sem uma ajuda nativa não ia correr muito bem este negócio, e mesmo assim já sei que não vai ser pêra doce.

 

Agora é investigar preços e modelos na Net para amanhã não ser enganada. E olha depois é confiar no instinto do Mark e ter sorte. Na China é memso uma questão de ter sorte, principalmente quando se trata de pessoas como eu que são um 0 à esquerda com estas coisas da tecnologia.

 

Que bela maneira de acabar Novembro, brrrr...

Não gosto nada de me desfazer deste tipo de coisas, prefiro o velho mas confortável, ao novo mas complicado.

Mas vá, tal como o ditado chinês diz: "旧的不去,新的不来" (jiude bu qu, xinde bu lai) ou seja, "if the old things remain still, the new things will not emerge". Ao que parece este ditado usa-se para confortar alguém quando essa pessoa acabou de perder algo.

 

Amiguinhos, estou oficialmente incomunicável!

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Chinês = Quebra-cabeças

por mandarina, em 29.11.11

Andava eu a deambular pela Net quando encontrei a lista dos estrangeiros considerados mestres da língua chinesa, e, também, por isso, conhecidos na China porque muitos dominam a língua a ponto de a ensinar e de criar programas espectaculares e podcasts muito úteis para quem quer aprender mandarim. Exemplo disso é o senhor deste blogspot http://www.sinosplice.com/ que além de ser o director da ChinesePod, John Pasden tem a sua própria empresa AllSet Learning que tem como finalidade ajudar estrangeiros a ultrapassar os obstáculos que encontram ao aprender mandarim. Visto que eu não me vou tornar uma dessas pessoas, a empresa está sediada em Shanghai e os seus serviços não devem ser propriamente baratinhos, resta-me consultar o blogspot que é extremamente interessante e dá inúmeras dicas de como ultrapassar muitas das dificuldades em que nós (os estudantes da língua) esbarramos.

Achei este artigo, http://www.sinosplice.com/learn-chinese/stages-to-learning-chinese, 5 passos para aprender Chinês, particularmente interessante, um pouco assustador, também, mas é um abre-olhos. Sucintamente o artigo é sobre os estágios que o estudante terá que passando até chegar a um nível de domínio da língua. Diz no artigo que aprender chinês requer muito esforço e dedicação e leva tempo, muito tempo. E que, apesar de parecer tarefa impossível não e, além disso, diz também que a verdadeira aprendizagem acontece do contacto com a língua, ou seja, no dia-a-dia, a pôr em prática em situações reais, alerta, por isso, para o risco de se aprender a língua num contexto descontextualizado, ou seja, num ambiente isolado (fora da China ou na somente na sala de aula).

 

John alerta "Não é fácil, requer tempo, requer paciência, sensibilidade, e requer, sem dúvida, uma grande entrega à aprendizagem". Ele enumera 5 estágios, quando se chega ao estágio 4, o qual ele apelida de "I´m Speaking Chinese" Stage, quererá então dizer que o estudante terá passado por um período que ele chama de prolonged hard work. Neste estágio, o estudante saberá distinguir tons, saberá escrever e ler praticamente tudo o que encontra pela frente. E não terá problemas de maior a entender os tons nem em pronunciá-los de modo correcto.

 

Espantoso, hein, para um dia eu dizer que sei chinês precisarei de chegar a este estágio uau...parece-me uma tarefa hercúlea! Ele fala noutros artigos que sem força de vontade e estudo árduo é muito difícil algum dia dominar a língua a um nível quase nativo. Requer além disso, tempo e viver na China, é uma língua que se aprende progressivamente, mas que se perde em dois tempos se não for aplicada numa base diária.

 

Na opinião dele o mais difícil e o maior obstáculo da língua é o domínio dos tons, e diz que uma vez passada esta barreira, então podem (os estudantes) dar-se por contentes porque o mais difícil ficou para trás. Di-lo aqui http://www.sinosplice.com/learn-chinese/learning-tones Tenho cá pra mim que nunca vou chegar a esta fase. Wow! Ou como ele diz quando alguém chega ao ponto de dominar os tons por completo então é porque essa pessoa provavelmente vive na China, tem uma esposa chinesa e não tem intenção de deixar a China.

 

Achei este blog espantoso, vou seguir e ler tudinho, tudinho interessante, o exemplo de um laowai que quando chegou pouco sabia e hoje é considerado mestre de chinês depois de muito estudo, dedicação, entrega e determinação. Sem paixão, deixa ele entender, não se vai lá, há que estar apaixonado pela língua que nas palavras dele "é uma das línguas mais interessantes do mundo."

 

Ah pois quem disse que ia ser fácil...mas também me podiam ter avisado que ia ser assim tão difícil ehehe

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Festival cultural

por mandarina, em 27.11.11

Ai que mega preguiça, tenho N tpcs para fazer e a quantidade é proporcional à falta de vontade de os fazer. Mas o que tem de ser tem muita força, né?

Ontem foi um dia no mínimo diferente do habitual, de manhã eu e a maltinha fomos ao 7 Festival Internacional de Culturas realizado na Universidade vizinha, 武汉大学,Wuhan daxue, e foi bem giro. Aquilo era tipo um certame com montes de barraquinhas dos mais diferentes países, principalmente países da Ásia e África, os outros continentes estavam em minoria. Portugal nem vê-lo, assim como inúmeros outros países da Europa e os que lá estavam, Alemanha, França e Inglaterra também não achei que estivessem muito chamativos. Uma surpresa foi a Estónia que sendo um país super pequenino estava ao rubro, decoração, as raparigas vestidas de sereias, a música rock/punk em altas, fiquei surpreendida pela positiva. Aí está um país para a minha lista de países a visitar, Estónia. A minha colega de carteira é da Estónia e é uma pessoa extremamente interessante, tenho a certeza que hei-de ir visitá-la um dia.

 

Bom, o festival foi mesmo giro, os chineses deliraram com tanta cultura e com tanto costume diferente, comidas, cheiros, cores, artesanato, indumentárias tradicionais, cantos. Tudo 5 estrelas. Não esperava que fosse um festival tão interessante, faz falta mais iniciativas destas por aqui, apimenta as coisas. Nunca vi tanta gente diferente junta, e comida e trajes. Mesmo interessante. Tirei muitas fotos, depois posto no Fb, claro!

E ainda houve espaço para actuações, só vi algumas, 1ro de um grupo indiano a cantar, depois um grupo com gente de todo o lado também muito interessante, todos amadores mas davam espectáculo suficiente para animar a malta, os chineses uma vez mais ao rubro. Depois rapazes do Paquistão a dançar e um rapaz africano todo maluco a animar o público e também a cantar com uma voz bastante audível.

 

Gostei muito do festival, tirando a parte que eu e as colegas, por sermos ocidentais e loiras ou quase, tivemos de pousar um montão de vezes para a foto. Desde que pus os pés na China nunca me senti tão assediada como ontem e nem nunca tanto chinês me tirou tanta fotografia. É um abuso, mas como uma colega o disse e bem "faz parte do espectáculo" e mesmo que, às vezes, apetecesse recusar pousar seria rude porque afinal num festival de culturas o que eles esperam é captar o mais possível de diferenças culturais possíveis e as nossas caras nunca iriam passar despercebidas.

Raios, se tivesse cobrado por cada foto 5 bimbis tinha feito uma pipa de massa ahahah!

 

Foi um dia mesmo giro, temperatura perfeita, um sol de meter inveja, não como hoje que está outra vez cinzento. Depois à noite também foi giro, saímos para espairecer e acabou por se juntar um grupo engrançado com umas conversas pra lá de divertidas (rir é tão bom). Lá está quando se está rodeado de rapazes divertidos cria-se sempre um clima bastante interessante e descontraído. O à-vontade que têm, as histórias que contam, a boa disposição que emanam jogam sempre a favor deles.

 

Ai e já é domingo outra vez, não gosto, nada nadinha de nada.

Boa Semana

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Relações humanas

por mandarina, em 25.11.11

Relações humanas...neste campo há muito pouco espaço para generalizações, o que é bom para mim não o será para ti, cada qual tem a sua maneira de ver as coisas, de as sentir, de reagir a elas. Uns tem a cabeça bem esclarecida neste ponto, outros nem tanto. Uns serão contra relacionamentos duvidosos, porque nunca se viram neles, nem se imaginam num relacionamento para eles mal definido. Pelo que tenho constatado, as pessoas que assumem esta posição de segurança são as que mais duvidam dos relacionamentos sérios em que se vêm metidas, talvez por isso, são tão bem definidos que perdem a piada acabando por ir procurá-la noutro lugar.

 

Eu não sirvo de exemplo a ninguém, e sem querer entrar em detalhes sobre a minha vida pessoal, confesso que também um dia me vi neste grupo dos seguríssimos e assumia uma posição segura acerca de relacionamentos. Jurava que a maneira natural das coisas era assumir as coisas com seriedade. Não considero que tenha mudado de ponto de vista, continuo a achar que o curso normal das coisas é esse.

Para ser sincera, prefiro jogar com as cartas todas na mesa, e que se for para perder que se perca em alta. Isso de dar pela metade parece-me sempre uma bela desculpa para no fundo justicar que não se vai dar é (quase) nada, mas, como em muita coisa na vida, tudo depende do momento e das circunstâncias, também neste caso se deve ter em conta esses vectores. Verdade que prefiro jogar com as cartas todas, o que não quer dizer que não saiba fazer de outro modo. Que sei. Aprende-se, a vida ensina-nos, as circunstâncias levam-nos a isso.

 

E lá está, é um jogo, é necessário saber as regras do jogo, estar bem esclarecida, e alerta para não as transgredir, e quando esse momento chegar então aceitar que nem sempre se pode ganhar e que a renúncia é a opção mais viável, porque às vezes há quedas das quais é dificil recuperar.

Mas considerando que se aceitam as regras do jogo e que se decide continuar a jogar, há que ter em conta sempre dois finais possíveis, um mais do que o outro: este "jogo" nunca vai passar disso mesmo, no inicio como no fim continuará a ser um jogo; poderá, no entanto, evoluir e tornar-se um jogo mais sério com regras mais complexas. Em rarissimos casos deixará de ser um jogo para passar a ser uma relação, no verdadeiro sentido da palavra.

 

E considerando que a hipótese n.º1 é a mais provável, diria em 95% dos casos, então aí é ter em conta, afim de evitar quedas desastrosas e corações partidos, que, nesta equação, deve-se deixar de lado expectativas, exigências, recriminações, fantasias e mais que tal. Que isto é um jogo, não uma relação. Deve pesar-se, por isso, os prós e os contras, e se os contras pesarem mais que os prós então não vale a pena insistir: meio caminho andado para o desastre, e ele é, neste ponto, quase sempre iminente. Do que se tira do jogo, muita coisa, às vezes muito mais do que em muitas relações que praí "abundam".

 

Ainda assim, ter em conta que o que para ti pode ser a coisa mais disparatada do mundo, para outros é a coisa mais natural do mundo. Resta questionar-se, estarei eu à altura do desafio ou a fasquia é demasiado alta para mim?

E a resposta não surgirá de imediato, não antes da resolução de todos os quebra-cabeças. Uma vez resolvidos, ela virá a ti naturalmente porque lá está a vida é constante aprendizagem, principalmente sobre ti, sobre os outros, e sobre ti com os outros.

 

Se vais com a ideia: "há isto vai mudar, é uma situação passageira e que mais dia menos dia passa a sério", então neste caso, o meu conselho é: "não vás...mais vale nem ires". Aceita que o outro não mudará porque queres que ele mude, aprende que ele só mudará se sentir que o deve fazer. A força da mente é grande, mas nunca o suficiente para mudares quem tem as ideias claras e seguras. Aliás, aí está porque a maioria das relações (as verdadeiras) acabam, porque há sempre um que quer mudar o outro e não aceita que a mudança tem de ser algo espontâneo e não algo imposto. Aliás mais do que querer que o outro mude, é a capacidade de o aceitar como ele é que te faz estar à altura do desafio sem medos e inseguranças.

 

Não deixa de ser uma lição de vida, aprende-se mais quando se joga do que quando se fica no banco de suplentes. Isto quando se joga limpo, claro! Aguça-se a inteligência emocional. Melhora-se a capacidade de defesa e torna-nos mais resilientes a (mais que prováveis) futuros desastres emocionais.

 

Life can only be understood backwards; but it must be lived forwards.

Soren Kierkegaard

 

 

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eXtravagância da semana

por mandarina, em 24.11.11

Com o Inverno à porta e as temperaturas a descer a cada dia que passa andava a desesperar por umas botas quentinhas para aquecer os meus pezinhos, e não estava nada fácil, o raio do estilo chinês (ou falta dele) é mesmo pavoroso. Botas com brilhantes, com padrão pantera, com penduricalhos, com estrelinhas, coraçõezinhos e peludas por fora! Um pavor, mas lá encontrei umas com um estilo limpo, talvez um pouco masculinas, mas estão limpas de mau gosto e por um preço simpático aprox. €20; segundo a moça da loja, as botas são de pele de vaca, verdadeiras, diz ela. Tou para ver quanto tempo dura a pele verdadeira, dos chineses há que desconfiar sempre e até prova do contrário tudo o que fabricam e vendem é falso.

Bom, mas lá trouxe as "escolhidas" e posso dizer que cometi uma pequena extravagância uma vez que acabei por me decidir por umas botas vermelhuscas. Acho que a minha vida anda a precisar de cor. É uma cor fora do comum para botas mas as castanhas escuras eram aborrecidas e eu, apesar de gostar muito pouco de dar nas vistas, amo vermelho. É, sem dúvida, a minha cor favorita, não em todas as tonalidades, mas gosto imenso, estas botas são em vermelho forte, não vermelho vivo, que horror ahah...

 

Curiosidade: a loja dá pelo caricato nome de 69sixtynine; ahaha estes chineses, vai lá vai!!!

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Apertão

por mandarina, em 23.11.11

Hoje não resisti a dar um apertão no meu boss. Sim, porque na última ocasião, quando tivemos sessão de formação criticou-me à frente de toda a gente, ainda que disfarçadamente, pela minha "não tão bem sucedida" performance nas aulas que dei de Business English. Pois sim, deu e com toda a razão, não lhe tiro a razão, até agora não tenho conseguido conquistar os alunos, Business English já não é um tópico muito animador por si quanto mais se não se souber dar a volta à coisa, o que eu não tenho sabido fazer.

 

Mas vai daí, aceitei a crítica mas não a aceitei pacificamente porque ele como supervisor dos professores não me soube dar a assistência necessária para eu fazer bem o meu trabalho, não me cedeu informação nenhuma acerca do nível dos meus alunos, não me deu dicas, nem linhas orientadoras e eu, claro, meti os pés pelas mãos, como seria prevísivel que acontecesse sem experiência. Até aqui tudo bem! Criticou, e eu não me fiquei atrás e critiquei nestes pontos, falta de acompanhamento e escassez de informação.

 

Ele percebeu, ou fez de conta que sim, e eu dei-lhe um apertão, pedi-lhe que me concedesse mais horas com eles por semana, até agora tinha agendada por semana uma hora de Business English, o que não dá para nada, nem para criar ambiente, nem para fazer um trabalho contínuo e minimamente interessante. Ele disse que me ia dar 2 horas se era essa a minha solução para o problema. A ver se me dá mesmo as tais duas horas por semana com eles.

 

Começo a ficar farta deste patrão de meia tigela, que aparenta ser profissional e simpático e depois diz que faz e acontece, e ao fim e ao cabo acaba por ficar tudo na mesma. Fartinha...

 

Mas como toda a gente merece uma segunda oportunidade decidi não ser drástica e resolvi dar-lhe mais uma hipótese e, a bem dizer, também a mim. Sim, porque vale para os dois, ele na mudança de atitude, principalmente, em honrar aquilo que diz que vai fazer, e a mim porque preciso de esquecer que estas duas aulas foram um fracasso e tentar uma vez mais, com outra abordagem, com outro entusiasmo, e empenho. Se aí vir que não dá mesmo e que não fui talhada para o ofício serei a primeira a admiti-lo e a renunciar ao trabalho. Tenho capacidade suficiente para me auto-avaliar e pôr um basta a situações ridiculas, para isso mesmo, não chegar a cair no ridiculo de ser dispensada sabendo bem porquê.

 

A ele, este foi o último apertão que lhe dou, não tem interesse, tudo bem, não dá mais horas então é porque no fundo não precisa realmente de mim como professora a part-time. Outras portas serão viáveis.

 

É bom levarmos apertões, sempre dá para acordar, agora apertões por apertões prefiro os amigavéis e não vindos de um chinês falso e dissimulado! Já dizia o ditado "quem vai à guerra dá e leva", 是不是?

 

 

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按摩 * Massagem Chinesa*

por mandarina, em 23.11.11

Ah pois é...hoje não pude fugir da massagem 按摩 (anmo), e perguntam-se de certo, mas fugir porquê se massagem é bom! Pois mas não pensem que é esse tipo de massagem que dá prazer e faz relaxar e até, quem sabe, adormecer, nada disso! A massagem que fui fazer, com esta é a quarta que faço, é uma massagem terapêutica, ou como os chineses dizem: massagem tradicional chinesa. E estas meus amigos não tem nada de agradável, faz doer pra caramba, mas lá está é terapêutico, não é suposto ser agradável antes ser eficaz, e até aqui tem sido. A ver se desta vez também se confirma...

 

Mas estava a precisar urgentemente, até a massagista repetiu várias vezes " 你有问题" (ni you wenti) querendo dizer pois nota-se que estás com problemas, tava toda presa, ombros e pescoço, agora sinto-me melhor, mas levei umas boas amolgadelas, a mulher tinha força como tudo, e ainda ali esteve quase 50 minutos (por €5)  a "massacrar" os meus músculos e nervos e estava dificil para desfazer os nós que tinha.

 

Ainda soltei uns belos ais e uis, mas sabia que tinha mesmo de ser assim, e fiz por tudo para não me queixar muito, que sei que de outra maneira não ia lá. Sofri, pois sofri, mas é como ela disse 现在不舒服,明天很舒服 (xianzai bu shufu, mingtian hen shufu) a querer dizer "pois hoje dói, não é confortável, mas amanhã vais sentir-te bem mais aliviada e confortável". Acho que sim, quero acreditar que sim, ela ainda sugeriu que voltasse mais vezes, mas se passar acho que "está de bom tamanho" que sofrer não é comigo, só em casos extremos como ao que me deixei chegar. Sim, quis ignorar os sinais de que não ia passar senão fosse à massagem e olha foi bem feito que não passou mesmo e só piorou.

 

Amanhã acordo outra ahaha novinha em folha, ou não...da primeira vez que fiz em Shanghai o senhor quebrou-me toda, mas talvez tenha sido exagerado e andei uma semana dorida a ver se desta vez é diferente, que tal como em muita coisa na vida, a primeira vez é sempre a mais dificil e desastrosa. E foi...auch!!!

 

Hoje foi um dia positivo, apesar de ter tido 6 horas de aulas, fiquei tão contente comigo mesma porque pela primeira vez considero que percebi 90% do que as professoras disseram na aula (lembrar que as aulas são dadas em chinês, com meia dúzia de palavras em inglês pelo meio), por isso, hoje estou satisfeita. Na aula de gramática  percebi tudo, na aula de oralidade fiz 2 diálogos, e na de audição consegui acertar nos exercícios que normalmente me passam a leste...我很满意 (wo hen manyi) satisfeita:)

 

Bom e agora 做作业 (zuo zuoye) tpc que é bom para a tosse!

 

再见 (zaijian)

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Reincidência

por mandarina, em 22.11.11

Nos últimos tempos tenho a sensação que paira uma nuvem bem negra em cima da minha cabeça e que não está fácil livrar-me dela. Tudo parece virado do avesso, as aulas mais parecem um pesadelo do que outra coisa, as aulas que dou não estão a correr propriamente às mil maravilhas, os meus alunos trocam-me as voltas e digamos que eu não faço a mínima ideia do que seja ensinar efectivamente. Uma amiga disse-me, não exijas demasiado de ti nem te culpes por isso, e a verdade é que sem experiência só se eu tivesse um talento inapto é que me revelaria uma professora espectacular ao fim de duas aulas.

Posto isto, mais conflitos interiores, mais falta de energia, mais introspecções e etcs... digamos que não ando numa das melhores fases da minha vida. Quando se começa a duvidar de tudo é grave, mas mais grave é quando se duvida do porquê das coisas e o que espero delas. Odeio andar à deriva, normalmente acho sempre que dificilmente encontrarei a solução ou a tal luz ao fundo do túnel. Normalmente, é nestas fases que entro em ruptura e sinceramente não me posso dar ao luxo de quebrar agora, mas custa não ceder, já cedi outras vezes, felizmente estava num fim dum ciclo. Quebrei quando estava a acabar o meu Erasmus na Polónia, quebrei quando estava a pontos de sair de Shanghai, e agora não tendo como isto ser um fim de um ciclo, porque posso quebrar mas não me permito a desistir de nada, custa-me manter-me intacta. Enfim, é a tal nuvem negra a pairar em cima da minha cabeça, mas como já diz o ditado "nao há bem que sempre dure nem mal que sempre perdure".

Evasões. É disso que preciso ..."and everything is gone be ok"!!!Já agora de uma massagem também, os meus ombros estão todos tensos vai pra lá de uma semana. Da massagem sei que faz bem, mas também faz sofrer.

 

É a isto que chamam crescer não é? Aguenta, respira, inspira e expira ... repete o processo vezes sem conta.

 

A mesma amiga pediu-me para participar num dos seus projectos, devo escrever numa cartolina um sonho e depois pousar para a fotografia. Vejo ambas os pedidos complicados de executar, para a foto não ando numa das minhas melhores disposições para esboçar um espectacular e franco sorriso. Dos sonhos, andam perdidos nesta cabeça, eu sei tê-los mas andam meios perdidos, baralhados, camuflados no meio de tanto caos.

 

C´est la vie!

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7arte: 3 must-see movies

por mandarina, em 19.11.11

Ultimamente ando virada para filmes mais negros e reais, e tenho tido a sorte de escolher ou virem-me parar às mãos os filmes certos: autênticos, crús e negros (porque a vida nem sempre é o mar-de-rosas com final feliz que todos os filmes de Holliwood pintam). E a escuridão não tem de ser necessariamente má, é antes verdadeira, romântico, no sentido mais trágico da palavra, e é, na sua essência, real.

Longe de mim tentar escrever criticas aos filmes que vi ultimamente e adorei, quem me dera, mas deixo isso aos profissionais, eu sou só uma espectadora ávida de bons filmes, de filmes reais, com vida, com sentimento e cor. E com opinião, especialmente quando mexem comigo.

O primeiro que vi e adorei, e também a provar que não só de lixo vive o cinema americano, sim, porque na minha opinião todas as comédias lights, romances e filmes de ficção cientifica são fora rara excepção uma perda de tempo, ou servem para matar tempos mortos na melhor das hipóteses, há que estar no mood claro, nem sempre me apetece ver filmes fortes, como os que ultimamente tenho visto. Esses são óptimos porque mexem contigo, porque são capazes de te fazer sentir algo, e quando um filme tem impacto é quando sei que o filme é realmente bom.

 

Mas então, os meus eleitos:

1ro, e não porque seja o favorito, mas foi o que vi há mais tempo, o Love and Other Drugs, com o Jake Gyllenhaal e a Anne Hathaway, o tipo de filme que à primeira vista se rotula logo como mais uma comédia romântica Holliwoodesca, mas longe disso, e que bela surpresa. É um filme com história, essência, e consegue levar o espectador a sentir todos aqueles sentimentos controversos e ficar dividido, e sensibilizado com as reacções das personagens. Com alguns clichés pelo meio, consegue, em geral, ser bastante profundo e bastante crú. Sente-se uma química q.b entre os actores, talvez a extrema boa aparência dificulte a coisa, quando se junta duas pessoas tão bonitas visualmente perde-se um pouco a noção do seu talento e uma pessoa não consegue descolar desses pontos. Mas conseguem encarnar bem as personagens, principalmente a Anne Hathaway que prova uma vez mais ser uma excelente atriz, descontraída com o corpo e com uma capacidade de expressar dor de uma maneira comovedora. Adorei... apesar de não ter conseguido escapar ao mais que esperado "final feliz" que acaba por estragar um pouco e suaviza o que por si não é suave, a doença de Parkinson e as repercussões da doença no normal funcionamento da vida de casal.

 

2do, Blue Valentine, com o Ryan Gosling e a Michelle Williams. O filme é lindo, maravilhoso, um verdadeiro "masterpiece". Desde o início ao fim, tragédia, más notícias, a prova de que tudo pode correr mal e nunca vai correr bem, em alguns momentos do filme dei por mim a ansiar por uma reviravolta, mas não, quando corre mal corre mesmo mal. A vida e as relações humanas no mais duro e crú cenário possível, o amor que não compensa a falta de amor, a dedicação, a esperança do que ama a esvair-se perante a descrença do que não ama. A entrega, o abrir mão, a luta, a conquista, a rejeição ...todos os sentimentos reais espelhados num filme real. Porque amor e entrega não compra amor e entrega, e a gratidão não dura para sempre, nem é um sentimento digno entre um casal.

Os actores encaixam de tal maneira nas personagens que não há dúvida que são um casal real, a química entre eles é perfeito, e conseguem reflectir perfeitamente o "desamor" e falta de atracção dela por ele, e ele o encantamento e a entrega total a ela. Perfeito e sublime. Negro e genuíno. Verdadeiro e cruel. Nota 20!!!

 

3ro e último: The lives of others (título original Das Leben der Anderen), escrito e realizado por Florian Henckel Von Donnersmarck, é um filme alemão. Passa-se nos anos que antecedem a queda do Muro de Berlim, e o filme incide sobre a vida debaixo do punho do regime socialista e pela Stasi, a polícia secreta da Alemanha Oriental (RDA).  A história gira em volta de esquemas e casos de escutas secretas e interrogatórios. O filme é, na primeira parte, um pouco deprimente e seco, mas à medida que o tempo passa vai ganhando intensidade e atinge o clímax no ponto final com o inesperado desenlace que deixa o espectador estupefacto pela genialidade do realizador. O filme explora bem o conceito de voyeurismo quando o agente secreto se deixa encantar pela vida do casal de artistas que investiga. Acaba por se deixar ludibriar e envolve-se a tal ponto que não tem mais como escapar a um final trágico. Todos os personagens são arrastados para um final trágico e irremediável, mas é esse final que traz intensidade e torna o filme tão espesso e interessante. Não admira ter ganho uma "catraiada" de prémios internacionais e até mesmo the Academy Award na categoria "melhor filme de língua estrangeira". Aqui não há histórias de amor perfeitas, há antes desolação, desespero, desencanto, o lado mais obscuro do ser humano, mas também o lado mais revelador e bom. Sem dúvida um filme com substância até não mais...

 

E pra hoje, Melancholia um filme de Lars Von Trier, com a Kirsten Dunst como protagonista. A ver se este polémico realizador dinamarquês que conseguiu chocar os fãs, e não só, este ano em Cannes quando disse compreender e sentir "um pouco" de compaixão por Adolf Hitler...auch esta foi mesmo ao lado e fora do normal!!!

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