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As aventuras (e desventuras) de uma lusitana em terras do Oriente
E assim foi, hoje tive a minha primeira experiência como "uma espécie" de professora de português, sim que eu não fui definitivamente talhada para ensinar, pelo menos, não a minha língua materna. A experiência foi, como dizer, olha nem sei bem como defina, muito estranho. Eu ali a dizer "Olá" e "Tudo Bem?" e "Até Amanhã" e etc. Senti-me assim... pateta. Foram duas longas horas, e o tempo ainda custou a passar.
Ensinar português, nível básico, é como ensinar alguém a beijar, alguém que não faz a mínima ideia do que um beijo a sério e bem dado seja, mas mesmo assim uma pessoa esforça-se por ensinar mas por mais que se esforce pior é o resultado, porque sai um beijo desajeitado, e por mais que se tente acertar o compasso falha sempre alguma coisa como quando as peças do puzzle estão trocadas e tu não dás conta da charada. Ensinar português é frustrante, é como assistires, impotente, alguém a assassinar a língua que tu achas mais perfeita, mais linda e melódica. Na boca do rapazinho, esforçado bem sei, saíam os sons todos distorcidos e eu ficava a pensar para mim própria, bem que prefiro ver/ouvir assassinarem a língua dos outros, é bem menos penoso.
O português dele é mais básico que o meu chinês e, tendo em conta que, já teve aulas intensivas de espanhol pensei que o nível dele fosse um pouco melhor, mas nem por isso. Bom. É do inicio é do inicio. As coisas para serem bem feitas devem começar bem de raiz, mas eu juro que, e tenho pena de o dizer, mas a verdade é que não tenho formação para ensinar português àquele rapazito, nem do nível mais básico. A sério, é tudo tão simples, e irritante para quem está a ensinar, do género ele não consegue pronunciar os "r" em "caro" nem os "nh", "lh", "l", etc. E eu sinto-me impotente porque não sei como ensinar a não ser repitar mil vezes e obrigá-lo a repetir, mas repete mal, infinitamente mal. E como dar a volta? juro que não sei. A verdade é que não me preparei para esta aula, do género só soube de manhã que ia dar aula das 3h às 5h e concordei, por não me parecer nada de mais ensinar português, na verdade é mais dificil do que parece. Ai.
E o "L" dá-me náuseas, pois euzinha não sei pronunciar o "L" bem, nem se nota muito quando as pessoas não sabem, quando sabem é a risota total. Mas isto até poderia ter piada senão fosse eu tentar que ele dissesse "L" e ele só percebe e repete "u" :S, muito mau!!!
Nem sei bem o que diga, do positivo que tiro disto é que ele ajuda-me a rever todo o vocabulário chinês mais básico e obriga-me a desenrascar-me a comunicar em chinês e, pronto, com razão, goza com o meu chinês desajeitado e eu martirizo-me com ele a massacrar o meu querido e adorado português...Ai que não nasci para isto, mas lá está, como uma amiga diz, bom ou mau, tudo adiciona valor à nossa vida. E estou certa que esta experiência adicionará valor à minha, de certa forma, já encaro as professoras de português de outra maneira, pobres mártires com paciência de santa.
E agora vou masé pôr mãos à minha aula de Business English que nessa, meus amigos, sei que sim, eu bem que assassino o inglês mesmo como professora, mas dá-me um gozo desmedido ensinar em inglês, e uma adrenalina daquelas, que não sei até quando vai durar, mas por enquanto só posso dizer "So far, So good"
ps. e sim, eu exagero um bocado, mas quando ainda estou em estado de choque dá-me para exagerar os cenários, que se lhe há-de fazer?
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