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As aventuras (e desventuras) de uma lusitana em terras do Oriente
Após este vídeo, filmado nas ruas de Nova Iorque, que só veio a público provar que os piropos lançados a mulheres na rua não tem nada de inocente e constituem antes assédio sexual ficam mais dois exemplos de que este é um assunto sério, que assusta, revolta e preocupa mulheres um pouco por todo o mundo.
Partilho este post deveras pertinente que condena a ligeireza e mesmo desresponsabilização ao gozar com o tema de uma forma ofensiva e ridícula no Brasil.
Subscrevo na íntegra estes excertos do post:
Assédio é VIOLÊNCIA. É uma abordagem, muitas vezes grosseira e ofensiva, feita alheia à vontade da mulher. E como não tem consentimento, muitas vezes ela amedronta, humilha e até traumatiza. Segundo a ONU, UMA em cada 5 mulheres no mundo já sofreu uma violência sexual. É claro que muitas de nós teremos um gatilho mais sensível a esse comportamento, às tais ~cantadas~. Então por isso quem tem que ter a palavra final sobre se foi ou não ofensivo, se foi ou não humilhante, se é ou não chato ter um cara dizendo pra você sorrir, “querida” somos nós, mulheres.
Chega de fiu fiu é chega de fiu fiu, chega de assédio, chega de linda, de gostosa, chega de falar com desconhecidas na rua, chega, chega. Pelo menos no caso da Letícia a delegada admitiu que era assédio. Mas pra ela, pelo jeito, assédio só existe quando metem a mão.
“Mas tem mulher que gosta”, é o argumento preferido de uns e outros aí. Deixo com vocês a reflexão que a quadrinista Gabriela Masson, a Lovelove6, que é a criadora da maravilhosa Garota Siririca e pretende fazer alguns quadrinhos a respeito desse tema em breve:
O assédio na rua é tão naturalizado que muitas mulheres acreditam que a presença do assédio é a confirmação de que são “normais”, “aceitáveis” e desejáveis. Quando a mulher não é mais assediada na rua, mesmo tendo consciência política a respeito do que o assédio significa, pode rolar mesmo um sentimento de “ausência”, um estranhamento “será que tô feia, qual será o problema”, mas isso rola por essa introjeção da naturalidade do assédio. Especialmente porque nós crescemos sendo assediadas, desde o momento em que chega a puberdade.
Quando os assédios, pra mim, finalmente cessaram 99%, eu me deparei com esse conflito de me sentir mais segura mas ao mesmo tempo “menos desejada”. Eu tive que refletir bastante sobre esses sentimentos estranhos pra ficar de boa comigo mesma e conseguir realmente aproveitar a liberdade de andar na rua sem sofrer assédios.
Quando muito naturalmente o que deveria mesmo acontecer, sem motivo de espanto, era isto.
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